Cobertos de alegria sem fim... (Is
35,1-6a.10)
É
muita conhecida a bela composição de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes,
intitulada “Marcha da Quarta-feira de Cinzas”. A letra começa assim: “Acabou nosso carnaval / Ninguém ouve cantar
canções / Ninguém passa mais / Brincando feliz / E nos corações / Saudades e
cinzas / Foi o que restou...”
Tal
como os teólogos, também os poetas nos transmitem verdades sobre Deus e sobre o
homem. Neste caso, estamos diante de uma realidade inegável: as alegrias do
mundo duram pouco. Após três dias intensos de folia, de ruído e de farra, que
foi que restou? “Saudades e cinzas”...
Ora,
será para este tipo de efêmera alegria que fomos chamados à existência? Não
será possível experimentar uma alegria permanente, estável, definitiva? A
liturgia deste 3º Domingo do Advento nos garante que sim! A alegria de Deus
está à nossa disposição. Aos braços cansados e aos joelhos vacilantes, a voz do
profeta clama: “Coragem! Nada de medo! Aí está o vosso Deus!”
Esta
é a mensagem dirigida a quem se põe de vigia, à espera do verdadeiro Natal. Não
o Natal capitalista das árvores cheias de presentes, não o Natal consumista do
Papai Noel. Falo do Natal simples e pobre, mas luminoso e alegre, da gruta de
Belém. O que faz a alegria permanente não são as festas dos palácios, não são
as roupas finas dos cortesãos, mas a presença de Jesus no meio de nós.
Neste
caso, a palavra “alegria” se distancia cada vez mais do ruído e da agitação,
dos fogos de artifício e das fieiras de lâmpadas, mas se manifesta como paz
interior, harmonia do ser, a certeza de ser amado.
Sim,
o Menino na palha de trigo é o Filho de Deus que se encarna, nasce de Mulher e
vem até nós, para deixar bem claro, de maneira cabal e sem reservas, a que
ponto nós somos amados pelo Pai dos céus.
Como
diz François Trévedy, “o Senhor está próximo, e é esta proximidade, sobretudo e
em tudo, que é propriamente deliciosa, desde que tenhamos os sentidos
espirituais bastante exercitados para pressenti-la, além dos véus tantas vezes
adotados...” Por isso escreve o apóstolo Pedro: “Sem o terdes visto, vós o
amais; sem o ver ainda, credes nele e exultais com uma alegria indizível e
cheia de glória”. (1Pd 1,8)
Os
paramentos roxos do Advento são trocados por uma tonalidade rósea, alusão à
aurora que anuncia o dia pleno, quando o Sol da Justiça – Jesus – brilhará
sobre todos...
Orai sem cessar: “Alegre-se o coração dos que buscam o
Senhor!” (Sl 105,3)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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