João era a lâmpada...
(Jo 5,33-36)
A imagem escolhida por Jesus para
falar de João Batista, seu precursor, não é a “lâmpada” de nossos dias, com luz
fria e imóvel. A antiga lâmpada da Palestina (lychnos, no texto grego de São João) era uma chama viva, capaz de
queimar e brilhar. Uma vez acesa, ela bailava no ar, emitindo luz e calor.
Ora, o Evangelho de Lucas (1,15)
registra as palavras do anjo a Zacarias, no secreto do Templo, dizendo que João
Batista seria cheio do Espírito Santo “desde o ventre de sua mãe”. É exatamente
essa íntima pulsação do Espírito de Deus que fez de João uma lâmpada, um foco
de luz e calor para espantar as sombras que envolviam Israel.
Entre as várias imagens bíblicas
para representar o Espírito Santo – vento / azeite / pomba / água viva etc. –
destaca-se o FOGO. Na manhã de Pentecostes, quando se cumpriu a promessa do Pai
(cf. At 1,4-5), que falava de um batismo “no fogo e no Espírito” (Lc 3,16),
foram as línguas de fogo que caíram do céu e se repartiram por todos os
presentes no Cenáculo, empoderando-os para dar continuidade à missão de Jesus
Cristo.
Tal como o dinamismo do Espírito,
são múltiplas as funções do fogo: afasta as trevas, aquece os corpos, cauteriza
as feridas, purifica os objetos, derrete os sólidos, destrói as impurezas.
Assim, a condição para arder e brilhar, atraindo os olhares para Cristo, é
estar cheio do Espírito Santo.
Isto pode explicar o frequente
fracasso dos ministros da Igreja, quando se dedicam, com suor e boa vontade, a
realizar pesadas tarefas pastorais, mas sem previamente deixar-se queimar pela
chama do Espírito, condição sine qua non
para todo trabalho eclesial.
Aqui e ali, muita gente tem
apostado em seus cursos de teologia, em suas dinâmicas sociais, em novas
técnicas de comunicação e “marketing cristão”. Com tudo isso, suas igrejas se
esvaziam. Em outros lugares, com extrema pobreza de meios e recursos, mas
ardentes no Espírito, outros pastores atraem multidões e inflamam os corações.
A figura de João Batista,
modelado pelo Vento do deserto, deve servir-nos de estímulo a buscar na
plenitude do Espírito Santo as inspirações para nosso testemunho cristão. Não
há outro caminho...
Orai sem cessar: “Vou preparar uma lâmpada para o meu
ungido.” (Sl 132,17)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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