Eu
dou a vida... (Jo 10,11-18)
O Evangelho de hoje contrasta de
forma muito expressiva o aspecto agônico (isto é, de combate) da salvação.
Nossas almas são uma presa disputada. De um lado, o lobo rapace, voraz,
destruidor, imagem do anjo de perdição; do outro lado, o Pastor que cuida de
suas ovelhas e quer que elas vivam – e vivam em plenitude.
Eis o contraste: o lobo arrebata e
dispersa; o Pastor chama e reúne. O lobo rouba a vida; o Pastor dá a própria
vida. O lobo não se importa com as ovelhas; o Pastor conhece cada uma pelo seu
nome: trata-se de uma relação personalizada, e não a atitude de um líder que
conduz uma anônima multidão.
Todo pastor, missionário,
evangelizador deve ter sempre em sua mente o modelo que Jesus nos dá para o
trato de seu rebanho: uma permanente solicitude que põe em primeiro plano o
“bem” de cada ovelha, a sua salvação. E só um profundo amor pode sustentar anos
e anos de dedicação, esforço, abnegação, a ponto de deixar em segundo plano os
próprios interesses e comodidades.
É assim igualmente na vida de família,
quando pai e mãe (e até, às vezes, um irmão mais velho!) também são
estabelecidos por Deus como “pastores” de seus pequenos. Se o amor existe,
todos os sacrifícios ligados ao trabalho e à educação serão superados e não
servirão de motivos para conflitos e separações. Afinal, os filhos não existem
para os pais; ao contrário, os pais é que existem para os filhos e deverão
prestar contas a Deus da missão que lhes foi confiada.
Meditando sobre Jesus – o Pastor que
dá sua vida (“ninguém a
tira de mim!”) -, percebemos que há duas maneiras de imitá-lo. O primeiro
caminho é aquele que caracteriza os mártires, por meio de um sacrifício
cruento, como ocorreu com São Maximiliano Kolbe, vítima do nazismo na Segunda
Guerra mundial. A outra maneira é aquela que, normalmente, nos é oferecida pelo
Senhor: um “martírio” a longo prazo, em suaves prestações, através dos pequenos
sacrifícios de cada dia, que pedem paciência, humildade, perseverança,
solidariedade e perdão.
Não devemos nos iludir.
Imediatamente após nossa morte, estaremos diante de nosso Senhor e Juiz. Ele
não perguntará por nossas grandiosas realizações, objeto de sucesso e de
aplauso humano. Jesus Cristo, por certo, fará uma única pergunta: - “Você
cuidou bem dos meus?”
Orai sem
cessar: “O Senhor
é meu pastor: nada me falta!” (Sl 23 [22],1)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança
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