Eis como deveis rezar... (Mt
6,7-15)
Desde os
primeiros tempos da Igreja, uma das catequeses indispensáveis sempre foi a
explicação da Oração do Senhor, que chamamos de Pai-Nosso. Vamos meditar o
comentário de S. Cipriano de Cartago (+258), bispo e mártir:
“Os
preceitos evangélicos não são outra coisa, senão os ensinamentos de Deus, alicerces
onde se edifica a esperança, bases firmes da fé, alimento para reaquecer o
coração, guias para mostrar o caminho, socorro para obter a salvação. Eles
instruem sobre a terra o espírito dócil dos fiéis para conduzi-los ao Reino dos
céus.
Numerosas
são as palavras que Deus quis fazer-nos ouvir pelos profetas, mas quão maiores
são aquelas pronunciadas pelo Filho, aquelas que o Verbo de Deus, que habitava
os profetas, atesta com sua própria voz! Ele já não pede que preparem o caminho
para aquele que vem, mas ele vem em pessoa mostrar-nos e abrir-nos a estrada
para que nós, outrora cegos e imprevidentes, errantes nas trevas da morte, e
agora esclarecidos pela luz da graça, possamos caminhar no caminho da vida, sob
a condução e a direção do Senhor.
Entre outros
avisos salutares e preceitos divinos destinados à salvação de seu povo, o
Senhor deu a forma de oração e nos comprometeu a rezar como ele ensinava.
Aquele que deu a vida também ensinou a rezar, com a mesma benevolência pela
qual nos deu todo o resto. Assim, quando nós falamos ao Pai com a oração que
seu Filho nos ensinou, somos ouvidos mais facilmente.
Jesus tinha
anunciado que viria a hora em que os verdadeiros adoradores adorariam o Pai em
espírito e verdade (cf. Jo 4,23), e ele cumpriu o prometido, de modo que, tendo
recebido o Espírito e a verdade por sua ação santificante, nós adorássemos em
espírito e verdade pela tradição de seu ensinamento. De fato, pode haver oração
mais espiritual do que esta que nos foi legada por Cristo, que nos enviou seu
Espírito? Existe um modo mais verdadeiro de rezar ao Pai que este que saiu da
boca do Filho que é Verdade?
Rezemos,
pois, irmãos bem-amados, como Deus nosso Senhor nos ensinou. Afetuosa e
familiar é a oração em que imploramos a Deus com as palavras de Deus, e
atingimos seus ouvidos pela oração de Cristo. Quando rezamos, que o Pai
reconheça as palavras de seu Filho. E esteja também em nossos lábios aquele que
habita em nossos corações!”
Orai sem cessar: “Tu és meu Pai, meu Deus!” (Sl 89,27)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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