Dará à luz um filho... (Mt 1,1-16.18-23)

O
Evangelho escolhido para esta festa litúrgica repassa a genealogia de Jesus
Cristo e a “anunciação” do anjo a José de Nazaré. A notícia que vem do céu –
“ela dará à luz um filho” – aponta claramente para a missão que Deus confiara à
Virgem Maria, missão que está na origem de seu chamado à existência.
Na
verdade, esta relação íntima entre existência e missão vale para cada pessoa humana.
Também nós fomos chamados à vida porque Deus tem uma missão personalizada para
cada um de nós, e aquilo que chamamos de “realização pessoal” só é possível
quando a existência e a missão chegam a coincidir.
Como
anota a Tradição, a jovem de Nazaré tinha feito uma opção pela virgindade
consagrada. O anúncio de sua maternidade parece contradizer sua escolha
anterior. Maurice Zundel comenta:
“Recolhendo
em seu coração toda a expectativa de Israel, Maria tinha querido permanecer
virgem para que todo o seu ser fosse um puro impulso de amor na direção de
Deus. Se ela havia consentido na ternura de José, é porque tinha descoberto ou
fizera nascer nele o mesmo propósito. Deus seria o único intercâmbio de um
casamento que consistiria todo inteiro na união indivisível das almas.
Quando
Maria se torna miraculosamente a Mãe do Salvador, este engajamento recebe a
mais inefável consagração. Sua maternidade era o supremo cumprimento de sua
virgindade, a flor divina do dom, o coroamento deste amor que, desde o começo,
a desapropriava por completo, o lírio da pobreza.
Ao
acolher Maria em sua casa (cf. Mt 1,24) no cumprimento da solenidade que
tornava definitivo o seu casamento, José participa da maternidade de sua esposa
na medida em que ele mesmo estava votado à sua virgindade.”
Sim,
estamos diante de um mistério de amor. De um lado, o mistério do amor de Deus,
que nos entrega seu Filho na fragilidade dos mortais. De outro, o mistério do
amor humano, que se consagra aos desígnios de Deus sem reservas e sem
salvaguardas. Puro amor!
Orai sem cessar: “Eu sou para o meu amado!” (Ct 6,3)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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