O Filho do Homem há de padecer... (Mt 17,10-13)
Este Evangelho deixa
claro que Jesus Cristo não foi surpreendido por sua Paixão. Sabia muito bem o
que esperava por ele. Sua Paixão e Morte não foram acidentes de percurso.
Afinal, o martírio de João Batista, como recusa de sua mensagem profética, já
alertara a Jesus acerca de seu próprio fim.
Nos Evangelhos, Jesus anuncia por
três vezes que a cruz estava à sua espera... Em uma delas, o Mestre teve de
repreender asperamente a Simão Pedro, que se manifestava contrário a tal
rebaixamento, assumindo o papel de Satã, o adversário. Não foi com passiva
resignação que Cristo carregou sua cruz, mas abraçou-a com uma atitude ativa e
amorosa, pois sabia dos frutos de salvação que brotariam da rocha do Calvário.
Por isso mesmo, é
fundamental para nós que os sofrimentos de Cristo sejam traduzidos como sinal
de seu amor por nós, sem nada que lembre masoquismo ou inútil flagelação. Mais
que infamante instrumento de tortura, a Cruz sinaliza que Deus nos ama com amor
sem limites.
Talvez ajude a leitura de meu
soneto “Exclamações”:
Pensar que meus pecados e meu crime
Transpassaram no Gólgota os teus braços!
E mesmo tropeçando, os membros lassos,
Carregas tua Cruz que me redime!
Pensar que teu Amor jamais se
exime
Da culpa semeada por meus
passos!...
E contemplando a dor de meus
fracassos,
Levas também o fardo que me
oprime!...
Pensar que és a Vítima inocente,
O Cordeiro que morre pela gente
Para que a Vida, em nós, supere a Morte!...
Pensar que, na amplidão do céu sem
brilho,
O Pai entrega à morte o próprio
Filho!...
Onde encontrar, Jesus, amor tão
forte?!
Orai sem cessar: “O Senhor me esconde no
segredo de sua tenda
e
me levanta sobre um rochedo.” (Sl 27[26],5b)
Texto e soneto de Antônio Carlos Santini, da Com. Católica Nova
Aliança.
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