Saltou de
alegria... (Lc
1,39-45)
São Lucas registra que a simples
aproximação de Maria, já portadora do Filho de Deus em seu ventre sagrado, foi
suficiente para que João Batista, ainda em sua vida pré-natal, reagisse com
alegria. Estamos diante de uma verdade que parece esquecida: a experiência
cristã é fonte de profunda alegria.
Ao relatar a descoberta de Deus e
sua conversão ao cristianismo, o escritor inglês C. S. Lewis intitulou seu
livro “Surprised by Joy”, (surpreendido pela alegria). No livro dos Atos
dos Apóstolos, logo após Pentecostes, São Lucas registra: “Partiam o pão nas
casas e tomavam a comida com alegria e singeleza.” (At 4,46.) Anotou também o
efeito da pregação de Filipe em Samaria: “Por este motivo, naquela cidade
reinava grande alegria.” (At 8,8.)
Ora, pode ser que nossas reuniões,
celebrações, e mesmo o “clima” geral de nossa vida como cristãos não estejam
irradiando a mesma alegria. De fora, o pagão pode ter a impressão de que somos
um povo triste, sem ânimo e vibração. E assim, afastamos as pessoas de Jesus,
que tinha intenção completamente diferente: “A vossa tristeza há de se
transformar em alegria”. (Jo 16,20b.) “E o vosso coração se alegrará e ninguém
vos tirará a vossa alegria”. (Jo 16,22.) “Pedi e recebereis, para que a vossa
alegria seja completa.” (Jo 16,24.)
É clássico o refrão: “Um santo
triste é um triste santo.” Na verdade, quem conviveu com pessoas santas, sabe
que elas são alegres, irradiantes, mesmo que sua alegria não lembre a
alacridade das maritacas, mas seja antes uma espécie de letícia, a alegria
serena, mas profunda, de quem vive mergulhado na paz de Deus, mesmo entalado em
um mundo de problemas.
Na verdade, a alegria é fruto do
Espírito Santo (cf. Gl 5,22), ao lado da paz, da paciência e da brandura. Quem
se volta para Deus e busca seu perdão, vê-se livre de sentimentos negativos que
já pareciam constituir na pessoa uma segunda natureza. Ao contrário, a vida
vivida “na carne” leva à tristeza, à depressão e a impulsos de autodestruição,
como obscura colheita do pecado.
Marthe Robin, a fundadora dos
“Foyers de Charité”, mesmo imobilizada em um pequeno divã por mais de 50 anos,
alimentada exclusivamente por uma comunhão semanal, notabilizou-se por uma
alegria infantil que contagiava a todos que faziam contato com ela. Mais ainda:
Marthe assumia em sua oração a tristeza e as cruzes de seus visitantes, que
saíam dali libertos e transfigurados.
Que tipo de cristão queremos ser?
Orai
sem cessar: “Transformaste meu luto em dança!” (Sl
39[29],12)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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