Quem virá
a ser este menino? (Lc
1,57-66)
O nascimento de João Batista foi
cercado de prodígios. Pais idosos, mãe estéril. O acontecimento fugia às
possibilidades humanas. Natural que todos ficassem intrigados a respeito de seu
futuro, de sua missão neste mundo.
Ora, a mesma expectativa envolvida
por respeitosa veneração deveríamos alimentar em relação a cada filho que Deus
nos entrega. Cada vida nova corresponde a uma vocação única e pessoal. Cada
criança abortada deixa na humanidade uma lacuna que nada e ninguém pode
preencher. E se a pessoa a quem Deus encarregaria da cura do câncer foi
abortada, impedida de nascer?...
Quando os pais se debruçam sobre o
pequeno berço, onde ressona o bebê recém-nascido, estão diante de um grande
mistério que ultrapassa nossa capacidade de compreensão: o grande milagre
repetiu-se mais uma vez. Deus chamou mais um ser humano à existência. Deveriam,
pois, interrogar-se: Qual será a sua missão?
A compreensão – ainda que parcial –
deste sublime mistério muda por inteiro nossa atitude diante da vida humana.
Jamais usaremos embriões como matéria-prima de pesquisa depois de compreender
que aquele ser-em-processo é portador de tarefas intransferíveis, essenciais
para o futuro do gênero humano. Jamais aprovaremos o aborto como um “direito”
da mulher grávida. Amada, querida, sonhada por Deus, a nova pessoa traz em si
algo de sagrado, que a torna intocável em seus direitos e nos impede de usá-la,
comprá-la, escravizá-la.
A alternativa é a “síndrome de
Herodes” – aquele louco que pretendia matar o Menino Jesus e, para tal fim, não
hesitou em assassinar centenas de recém-nascidos. Esta doença ainda se espalha
em nossa sociedade, chegando até a ser adotada por governantes como tática de
controle demográfico.
O cristão que não luta pela vida dá
seu aval ao ódio do Rei Herodes. Torna-se cúmplice dos inimigos de Deus.
Contribui para que a humanidade fique mais pobre e desamparada.
Ao contrário, são colaboradores de
Deus aqueles que cuidam da infância desvalida, os que se dedicam à educação da
juventude, os que pesquisam para curar as doenças e produzir mais alimentos.
Todo o trabalho humano, lembrava o Papa João Paulo II. É uma participação na
obra da Criação.
Nosso Deus é um Deus da vida. Jamais
ficará neutro diante dos servidores da morte.
Orai
sem cessar: “O Senhor decidiu abençoar: é a vida
para sempre!” (Sl 133,3)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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