Não havia
lugar para eles... (Lc 2,1-14)
Uma família pobre em trânsito. O
homem que vem até Belém, obedecendo à ordem de César, para ser recenseado entre
os membros do clã de Davi. A jovem mulher está nos últimos dias de sua
gravidez. O bebê ignorado que vai nascer é... o Filho de Deus...
E não há lugar para eles. A
hospedaria está realmente lotada. O grande afluxo de viajantes ocupou todos os
lugares. Entretanto, seria mesmo uma atitude falsa e farisaica de nossa parte lamentar
que não tenha havido um lugar para eles, se também nós ainda não abrimos um
espaço para o Menino em nosso coração...
Sempre foi assim. Desde Belém até
Washington, Jesus Cristo sempre se mostra um tanto apartado do mundo, um tanto
deslocado no universo dos poderes e dos ganhos materiais. Afinal – ele mesmo
garante – o seu reino não é deste mundo.
O verdadeiro “lugar” que Jesus
espera encontrar é completamente outro: o coração dos homens. Talvez, um espaço
nas famílias. Quem sabe, um cantinho nas oficinas. Seria pedir demais: uma
pequena brecha nas estruturas sociais e econômicas?
Os pastores de Belém, malcheirosos e
despenteados, acharam um lugar para Jesus. Ao convite dos anjos, acorreram com
seus cães e seus cajados. Por isso mesmo, mereceram ouvir o coral celeste que
oferecia paz à terra dos homens.
“É ali que estão a hora de Deus e o
lugar de Deus sobre a terra. Ali onde a terra se descentra em relação a si
mesma, para abrir-se sobre um cantinho de céu, na exultação e no louvor, e na
paz de um amor ao qual, enfim, ela consente abandonar-se.”
Estas são palavras do monge cisterciense
André Louf, que ainda acrescenta: “A noite de Natal descentra também a nós.
Importa que, nesta noite, nos deixemos transformar pelo Menino que vem, para
não sermos encontrados em outra parte, no momento em que Deus vem participar o
seu Amor: aqui mesmo, onde um passado de 20 séculos se faz presente, onde a
terra e o céu se tocam em uma noite: no Céu, glória a Deus; na terra, paz aos
homens que Ele ama”.
Orai
sem cessar: “O Verbo se fez carne e acampou entre
nós.”
(Jo 1,14)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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