A pedra
tinha sido retirada... (Jo
20,2-28)
Com a morte de Jesus no Calvário,
uma noite escura descera sobre todos. Não era aquele o desfecho – apesar do
tríplice aviso de Jesus! – que os discípulos viviam esperando. Sepultado o Mestre,
rolada a pedra, Jesus parecia fora de seu alcance...
Mas no domingo de manhã – “quando
ainda estava escuro” – Maria Madalena se antecipa a todos e vê que a pedra
tinha sido retirada. O túmulo estava aberto. Mas o Evangelista não nos diz se
ela olhou lá dentro. Diz apenas que ela saiu correndo e foi a Simão Pedro.
Pedro e João iniciam uma corrida até
o jardim onde o corpo de Jesus fora depositado. Uma prova de atletismo em plena
madrugada. Enquanto correm, pensamentos e emoções nublam ainda mais as suas
almas, já ensombrecidas pelo drama do Calvário. Eles mesmos não conseguem
imaginar o que espera por eles. Não fazem ideia do que poderão ver...
Quando Pedro e João chegam ao
sepulcro, de fato a pedra fora rolada pelo anjo (cf. Mt 28,2) e era possível acessar
o interior da gruta. Como observa André Scrima, tinha sido removido o último
obstáculo para a “visão”. O Mestre não está ali, conforme se lê na inscrição
atual da Basílica do Santo Sepulcro: “Non est hic”.
As bandagens que tinham envolvido o
corpo de Jesus permanecem ali, no solo. São tiras de linho, embebidas em 30 kg
de mirra líquida e aloés em pó (cf. Mt 19,39), piedosa oferenda de Nicodemos.
Já no terceiro dia após o sepultamento, o envoltório consolidado mostra-se como
um casulo. Mas não há nada em seu interior. Sem desmanchar as bandagens que o
envolviam, o Senhor venceu a morte e ressuscitou.
Em seu Evangelho, João registra em
duas palavras o impacto que o invadiu: “viu e creu”! As bandagens e o sudário
falavam por si. Se o corpo tivesse sido roubado, como espalharam os adversários
de Cristo (cf. Mt 28,13), não seria possível manter intactas as faixas de linho
do embalsamamento. É este “casulo” que aparece nos ícones orientais da
ressurreição, testemunhando aquilo que a mente humana não chega a compreender.
Ainda hoje, porém, permanece para
muitos a pedra da incredulidade, impedindo que os olhos da alma cheguem à visão
do Ressuscitado. Aferrados à razão cega, não farão a experiência de João: ver e
crer...
Orai
sem cessar: “Vistes aquele a quem ama a minha
alma?”
(Ct 3,3)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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