quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

PALAVRA DE VIDA

 A pedra tinha sido retirada... (Jo 20,2-28)
Imagem relacionada           Com a morte de Jesus no Calvário, uma noite escura descera sobre todos. Não era aquele o desfecho – apesar do tríplice aviso de Jesus! – que os discípulos viviam esperando. Sepultado o Mestre, rolada a pedra, Jesus parecia fora de seu alcance...
            Mas no domingo de manhã – “quando ainda estava escuro” – Maria Madalena se antecipa a todos e vê que a pedra tinha sido retirada. O túmulo estava aberto. Mas o Evangelista não nos diz se ela olhou lá dentro. Diz apenas que ela saiu correndo e foi a Simão Pedro.
            Pedro e João iniciam uma corrida até o jardim onde o corpo de Jesus fora depositado. Uma prova de atletismo em plena madrugada. Enquanto correm, pensamentos e emoções nublam ainda mais as suas almas, já ensombrecidas pelo drama do Calvário. Eles mesmos não conseguem imaginar o que espera por eles. Não fazem ideia do que poderão ver...
            Quando Pedro e João chegam ao sepulcro, de fato a pedra fora rolada pelo anjo (cf. Mt 28,2) e era possível acessar o interior da gruta. Como observa André Scrima, tinha sido removido o último obstáculo para a “visão”. O Mestre não está ali, conforme se lê na inscrição atual da Basílica do Santo Sepulcro: “Non est hic”.
            As bandagens que tinham envolvido o corpo de Jesus permanecem ali, no solo. São tiras de linho, embebidas em 30 kg de mirra líquida e aloés em pó (cf. Mt 19,39), piedosa oferenda de Nicodemos. Já no terceiro dia após o sepultamento, o envoltório consolidado mostra-se como um casulo. Mas não há nada em seu interior. Sem desmanchar as bandagens que o envolviam, o Senhor venceu a morte e ressuscitou.
            Em seu Evangelho, João registra em duas palavras o impacto que o invadiu: “viu e creu”! As bandagens e o sudário falavam por si. Se o corpo tivesse sido roubado, como espalharam os adversários de Cristo (cf. Mt 28,13), não seria possível manter intactas as faixas de linho do embalsamamento. É este “casulo” que aparece nos ícones orientais da ressurreição, testemunhando aquilo que a mente humana não chega a compreender.
            Ainda hoje, porém, permanece para muitos a pedra da incredulidade, impedindo que os olhos da alma cheguem à visão do Ressuscitado. Aferrados à razão cega, não farão a experiência de João: ver e crer...
Orai sem cessar: “Vistes aquele a quem ama a minha alma?” (Ct 3,3)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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