E o menino foi
crescendo... (Lc
2,36-40)
Veio o Natal mais uma vez. Fomos até
o presépio e vimos o Menino na manjedoura. Que lindo! Mas não podemos ceder à
tentação de fixá-lo na condição de bebê, no colo da Mãe. O Menino precisa
crescer...
E ele crescia, diz o Evangelho.
Crescia de modo integral: em estatura, sabedoria e graça. Crescimento somático,
psíquico e pneumático. Se cresce apenas o corpo, mas não a mente, algo vai mal.
Se cresce a mente, mas não cresce o espírito, ainda vai mal. É uma pena ver
atletas que não sabem pensar. Ver pensadores que não sabem rezar. Não foi um
crescimento integral...
Devíamos dedicar mais tempo a
meditar sobre esse Deus-que-cresce. “No estábulo de Belém - comenta François
Trévedy – e, depois, na oficina de Nazaré, o Deus feito homem, o Deus aprendiz
de homem é primeiramente aprendiz do tempo: ele se tece, ele se trama
longamente, lentamente, na obscuridade, ou antes se deixa tecer por outras mãos
às quais se confia.
O pequeno Jesus – o imenso Jesus não
é, no fundo, nem de cera, nem de gesso, nem de terracota; ele é de carne
modelada na primavera (Marie-Noël). Ele é de Pai e de Mãe e de Espírito,
cúmplices, e sua carne comum é sua única auréola.”
Como nós temos sido incapazes de
apresentar a nossos filhos o modelo oferecido por Jesus que cresce! Que bela
colheita humana teriam nossas famílias depois de semear “Jesus-que-cresce” nos
olhos e no coração de nossas crianças!
Vazios desse modelo, nossos filhos
adotam outros modelos: o atleta vencedor, o artista de sucesso, a atriz
sedutora, o político poderoso – pobres ídolos com pés de barro, que ruirão na
primeira crise e mergulharão seus “seguidores” na decepção.
Voltando a F. Trévedy, “não
nanifiquemos o Natal, pois o Menino se eleva ao Infinito. Não negligenciemos o
Natal nem subestimemos sua dimensão e sua gravidade, pois o Infinito é e
permanece Criança, em profundidades que lhe são proporcionais. Esse Menino
singular é imensamente criança, e é como tal que ele cresce, e é como tal que
ele é chamado a crescer em cada um de nós e no mundo, isto é, chamado a nos
invadir. A nós e ao mundo.”
Que desastre! Reduzir o humano ao
nível da planície, quando os astros esperam por nós...
Orai
sem cessar: “O Senhor dará força a seu povo!” (Sl 29,11)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário