E ele os curou... (Mt 15,29-37)
Coxos, aleijados, cegos, mudos e
outros doentes – a todos Jesus curou, sem fazer forma alguma de discriminação.
Curou homens e mulheres, doentes crônicos e deficientes “de nascença”,
atendendo a amigos (a sogra de Pedro), a estrangeiros (como o servo do
centurião romano), e mesmo a quem o prendia (devolvendo a orelha de Malco).
Sei que os biblistas preferem falar
em “sinais” quando se referem às curas do médico Jesus de Nazaré. O povo
simples já se acostumou a falar de “milagres”. E continua pedindo os mesmos
milagres, sendo muitas vezes atendido, pois a compaixão do Nazareno não mudou
de lá para cá...
Pascal, o conhecido filósofo
francês, escreveu na parte de final de seus “Pensées” uma frase colocada na boca de Jesus: “Os médicos não te
curarão, pois no fim morrerás. Mas sou eu quem curo e torno o corpo imortal.
Sofre as cadeias e a servidão corporal; por ora eu só te liberto da
espiritual”.
Não creio que os leprosos da
Palestina assinassem em baixo deste “pensamento” pascaliano. Nem a hemorroíssa
curada após 12 anos de hemorragia, nem a menina retomada das carpideiras. Todos
eles experimentaram algo que não achei nos manuais de medicina ou nos
compêndios de teologia: o amor de Deus invade nossas vidas sem excluir nossos
corpos. A “cura” ou salvação que o Senhor nos oferece envolve todo o ser:
corpo, mente e espírito (cf. 1Ts 5,23).
Estou de acordo com François
Trévedy, em um de seus sermões, quando diz que, para Jesus Cristo, a multidão
não é uma espécie de massa indistinta, mas de conhecimentos e pessoas únicas.
“Homem-Deus de relações, Jesus Cristo se preocupa com isso em grau máximo, e só
se dispensa com conhecimento de causa. Para sanar nossas hemorragias mais inveteradas
e mais secretas, ele nos infunde seu próprio sangue, não em virtude de alguma
ordem cega e geral, mas do diagnóstico mais clarividente possível: o
diagnóstico do amor criador que habilita e reabilita sem cessar na saúde, na
santidade da existência.” Citando outro Pascal, “eu derramei estas gotas de
sangue por ti”...
Jesus médico. Sem diploma, mas
eficaz. Sem CRM, mas atento a meu mal. Sem jaleco branco, mas decidido a
branquear o coração do homem de toda a lama sobre ele lançada por um mundo que
regressa ao paganismo. Ele, Jesus, saúde e salvação...
Orai sem
cessar: “Eram
nossos sofrimentos que ele carregava...” (Is 53,4)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário