sexta-feira, 23 de março de 2018

PALAVRA DE VIDA


Trouxeram pedras... (Jo 10,31-42)
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            Um dia, na solidão do deserto, Jesus teve fome e foi tentado pelo demônio, que lhe sugeriu transformar pedras em pães (Mt 4,3). Acolher essa proposta significava assumir o destino em suas próprias mãos, como se o Pai não cuidasse pessoalmente das necessidades do Filho.

Outra vez, na montanha, ensinando a multidão, Jesus perguntou se, entre eles, um pai seria tão mau que chegasse a dar pedras ao filho que pedisse pão (Mt 7,9). É áspero o contraste entre pedra e pão. A pedra é dura, fria, inorgânica. O pão é macio, quente, orgânico. Ela nasce da ação violenta dos vulcões. Ele é carinhosamente amassado pela mãe de família. A pedra serve para matar. O pão garante a vida do homem.
            Neste Evangelho, Jesus ensina no Templo, junto ao pórtico de Salomão. E quando o Filho de Deus chama a Deus de Pai, afirmando sua unidade com Ele, os judeus foram buscar pedras para o lapidar, como punição contra um blasfemador. Logo Jesus, que lhes dava o Pão da Palavra, ser ferido com pedras até a morte?!
            Terrível capacidade humana de pagar o bem com o mal! Profunda cegueira que rejeita o dom oferecido por Deus! Esta reação se repetiria: tentaram matar Jesus na sinagoga de Nazaré, ao anunciar o “ano da graça” do Senhor (Lc 4,14ss). Ou quando perdoou os pecados ao paralítico (Mt 9,1-8). E ainda quando chamou Lázaro de volta à vida (Jo 11,53). A crucifixão no Calvário foi apenas a última cena de um drama que os homens daquele tempo prepararam com ódio e rancor.
            Ao longo da História humana, os discípulos de Jesus enfrentaram o mesmo ódio e a mesma violência. A semelhança entre o Mestre e seus seguidores fiéis é tão extrema, que Estêvão, o primeiro mártir, foi morto com pedras (At 7,58). E os apóstolos Pedro e André acabariam crucificados como Jesus. Na verdade, o martírio vem exatamente atestar que o discípulo foi fiel a seu Mestre.
            A Igreja ainda padece perseguição. Se o homem é explorado e ferido, a Igreja o defende e sofre violência. Ela foi torturada no Coliseu romano, nos jardins do Imperador e nas minas de metal. Todos os totalitarismos odiaram Roma, como o nazismo de Hitler e o comunismo de Stálin. Ainda hoje, os cristãos são martirizados entre comunistas, com os bispos chineses presos e torturados, ou entre muçulmanos, cujos ativistas degolaram os monges de Tbhirine, no Monte Atlas (Argélia).
            Que temos nós para Jesus e sua Igreja? Também jogaremos pedras?

Orai sem cessar: “A pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se a pedra angular.” (Sl 118,22)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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