...e as revelaste aos pequeninos. (Mt 11,25-27)
Um vaso cheio não pode
receber mais água. A ciência pode “inchar”, como adverte São Paulo (cf. 1Cor
8,1b). Quem se julga muito sábio arrisca-se a desprezar o que lhe parece muito
simples ou incompatível com seus hábitos racionais. Já os “pequeninos” – um
diminutivo que se aplica normalmente às crianças – mostram-se abertos à
revelação dos mistérios de Deus.
Impossível, aqui, não
recordar S. Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, com sua “pequena via”,
o caminho simples e humilde para a santidade. Quem leu “História de Uma Alma”, seus preciosos manuscritos autobiográficos,
há de lembrar-se de suas palavras:
“Jesus sente prazer em mostrar-me
o único caminho que leva para essa fornalha divina, e esse caminho é a entrega
da criancinha que adormece sem receio no colo do pai... ‘Quem for criança,
venha cá’ (Pr 9,4), disse o Espírito pela boca de Salomão, e esse mesmo
Espírito de Amor disse também que ‘a misericórdia é dada aos pequenos’. Em nome
dele, o profeta Isaías revela que, no último dia, ‘o Senhor leva à pastagem o
seu rebanho, com seu braço conserva-o reunido; traz no seu regaço os
cordeirinhos, e tange cuidadosamente as ovelhas que aleitam.” (Man. B, 242.)
Ao proclamar a Pequena Teresa
Doutora da Igreja, a Igreja reconhecia: a grande sabedoria espiritual está na
simplicidade da criança que se abandona e se deixa guiar pelo Espírito de Deus.
Santidade não se confunde com heroísmos. Faz-se de coisas ordinárias vividas
com um amor extraordinário. Teresinha ensinou: o modo como apanhamos do chão um
alfinete pode salvar almas...
Os soberbos e autossuficientes
torcem o nariz para a Pequena Via. Preferem conquistar a santidade como um
pódio de vencedores. Apostam no “crescimento espiritual”, buscam pelo “controle
da mente”, pela aquisição de poderes e pela posse de dons extraordinários. Ao
final da maratona, seriam conhecedores de uma Gnose – um conhecimento reservado
a poucos – que lhes permitiria galgar o Olimpo e nivelar-se a Deus...
E Deus se alegra em dar de graça
aos seus pequenos tudo que a mente humana jamais alcançaria. O abandono da
teologia mística nos institutos de teologia revela o profundo desgosto dos
“doutores” pelo “caminito” próprio dos “anawim”, os pobres de Deus. Estou
disposto a abandonar-me no colo de Deus?
Orai sem cessar: “Como uma criança no seio materno,
Assim
está minha alma em mim mesmo.” (Sl 131,2)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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