Ela entrou na casa... (Lc 1,39-56)
O
Evangelho de hoje nos fala de um “encontro”. Isabel, uma anciã – imagem da
Antiga Aliança, – recebe a visita da jovem Maria – a “arca” da Nova Aliança. É
o encontro do passado com o presente. Encontro das promessas com o seu
cumprimento. Do provisório com o eterno.
Tão
logo recebe o anúncio de Gabriel, que lhe revela a sublime missão de ser o
canal escolhido para a Encarnação do Filho de Deus, Maria de Nazaré sai às
pressas, pelas montanhas de Judá, subindo até Ain Karim, onde morava Isabel de
Zacarias, sua parenta idosa, já no sexto mês de gravidez. Ao entrar em casa,
Maria saúda Isabel e esta, prontamente, fica cheia do Espírito de Deus.
Estamos
diante de uma evidência: a graça de Deus se comunica. A Toda-Santa – a Mãe de
Deus – irradia à sua volta o dinamismo espiritual que a inunda. Um abraço
apenas, uma palavra – Shalom! – bastam para que o Espírito Santo se derrame do
coração de Maria ao coração de Isabel. E esta se espanta diante da honra
desmedida de ser visitada pela Mãe de seu Adonai, o Senhor Deus...
Este
Evangelho registra uma situação mais ou menos comum: quem recebeu a visita de
uma pessoa santa, experimentou nela uma “presença” que não se explica apenas
por fatores humanos. Não é sem motivo que as multidões procuravam
incansavelmente pelo Pe. Pio de Pietrelcina, ou fazem contínuas romarias ao
túmulo do Pe. Eustáquio, ou preferem a missa de certos sacerdotes, cuja piedade
se faz visível...
Sim.
É muito fácil acusar as multidões de simples ignorância ou grosseira
superstição. Mas o povo possui uma espécie de “sexto sentido” que lhe aponta as
pessoas habitadas por Deus. Na Rússia do Séc. XIX, São Serafim de Sarov
precisava ocultar-se na floresta para ter um mínimo de solidão que lhe
permitisse rezar. Madre Teresa vivia cercada pelos mendigos de Calcutá, além de
atrair milhares de vocações. Os discípulos de São José de Calasanz chegavam a
espiá-lo pela fechadura, para vê-lo em oração, levitando centímetros acima do
solo.
E
nós? Sente-se a presença de Deus em nossa vida? Nossos gestos e palavras
manifestam a ação de Deus em nós? Quem faz contato conosco também pode louvar e
dar graças a Deus, como Isabel visitada pela Virgem Mãe?
Orai sem cessar: “Anunciarei vosso nome a meus irmãos.” (Sl 22, 23)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade
Católica Nova Aliança.

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