E começou a servi-los... (Lc 4,38-44)
Certa vez, na fronteira entre
Samaria e Galileia, Jesus declarou curados dez leprosos e mandou que fossem ao
Templo de Jerusalém, onde os sacerdotes lhes dariam um “atestado de saúde”. Com
isso, poderiam regressar ao convívio social sem a pecha de sua “impureza”
ritual. No caminho, viram-se curados. Apenas um – um estrangeiro – regressou
para agradecer a Jesus, que se admirou com a ausência dos outros nove. Sem
dúvida, a gratidão é uma bela maneira de agir, após a cura recebida.
Mas existe uma outra forma de
aproveitar a cura. No Evangelho de hoje, S. Lucas narra como Jesus curou a
sogra de Pedro, que sofria de uma febre aguda. Bastou uma ordem verbal e a
febre a deixou. Vendo-se curada, a mulher se levantou e pôs-se a servir Jesus e
sua comitiva.
Esta mulher anônima, como tantas
outras personagens sem nome em todo o Evangelho, vem nos dar o melhor exemplo a
ser imitado. Sua cura faz sentido, pois habilitou-a prestar serviço ao Mestre.
Ao mesmo tempo, questiona nossas motivações mais profundas que nos levam a
procurar por Jesus.
Por que, de fato, o procuramos?
Só para estar bem? Só para ter paz? Só para garantir uma vaguinha no céu? Ou
será – quem dera! - para nos pôr a serviço do Evangelho que buscamos a Cristo e
pedimos sua força, a saúde física e todo o leque dos dons do Espírito Santo?
Depois de vinte e seis anos de
caminhada, dedicando a vida ao anúncio do Evangelho, olho para trás e percebo
que Jesus surgiu em meu caminho para que eu assumisse uma missão. E mais: estou
convencido de que não teria perseverado caso não tivesse abraçado a missão que
me era oferecida.
Nossa missão é como uma âncora no
navio: pesa, mas nos dá segurança e estabilidade. Quando nos colocamos a
serviço dos irmãos, assumindo ministérios e tarefas na Igreja, nós recebemos
graças adicionais para o seu desempenho. O próprio fato de assumir a missão,
traz-nos uma crescente exigência de fidelidade e de coerência, o que acaba por
fortalecer nossas disposições interiores.
Sim. Com certeza, o Senhor deseja
curar-nos de nossas mazelas, libertar-nos de nossas cadeias, perdoar nossos
pecados. Ao mesmo tempo, porém, ele deseja saber que é que nós faremos com
esses dons...
Orai sem cessar: “Ai de mim, se eu
não evangelizar!” (1Cor 9,16)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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