domingo, 21 de outubro de 2018

PALAVRA DE VIDA

Podeis beber do meu cálice? (Mc 10,35-35)
            
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Tiago e João pedem ingenuamente a Jesus um privilégio: sentar-se ao lado de seu trono, como ministros, quando o Reino for instaurado. Em vez da segurança e da honra hierárquica, Jesus lhes oferece uma “vertigem”: beber de seu cálice, sua taça de sofrimento, que irá sorver no Calvário.

            A imagem é do beneditino François C.-Trévedy, que – não sem certa ironia – afirma que Jesus é um grande “bebedor”. E comenta que isso era de conhecimento público, ao menos entre seus adversários, que o acusavam de andar em más companhias, contrapondo Jesus à sóbria figura de João Batista.
            “Jesus bebe água, sem dúvida, pois ele pede a uma mulher perigosa: ‘Dá-me de beber!’ Ele bebe vinho, seguramente, mas do grand cru, que ele providencia pessoalmente. Para encerrar, ele bebe vinagre. Bebe o sofrimento, a humilhação, ele engole, ele deglute até a morte, ainda que ‘a morte seja tragada em sua vitória’ (cf. 1Cor 15,54).
            Ardente bebedor, ele absorve as grandes águas da morte nos canais cavados pelo profeta Elias no Carmelo. E não contente de beber, convida-nos generosamente a beber com ele; mais ainda, faz propaganda de si mesmo, convida para si mesmo como a única bebida capaz de desalterar nossa sede: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba!” (Jo 7,37)
            Mas ele não apenas bebe: ele é batizado [mergulhado], o que dá no mesmo em sua experiência. É verdade que mergulhar (totalmente) é uma outra maneira de beber: ainda que representem dois diferentes usos do mesmo elemento líquido, a bebida e o banho se aproximam como duas maneiras equivalentes de se abismar. A piscina tem a mesma forma da taça; a eucaristia já assume sua forma no batismo.
            Ainda que em plena noite, Jesus bebe voluntariamente da taça em que, como Filho bem-amado, ele está de acordo com o Pai, e na qual o próprio Pai está envolvido no mais profundo de si mesmo: ele vive, ele se banha perpetuamente, bem lá embaixo, no seio do Pai, o seio de ternura sem fundo fora do qual a taça seria inaceitável, tanto para ele quanto para nós, fora do qual o banho na morte seria intolerável, para ele como para nós.”
            Hoje, como naquela cena da Palestina, somos muitos a desejar os tronos, poucos a aceitar o cálice de Jesus. Por isso a mensagem do Evangelho permanece periférica, epidérmica, sem mergulhar bem fundo...
Orai sem cessar: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue.” (Lc 22,20)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
span style='font-size:11.0pt;line-height:150%'>Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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