terça-feira, 23 de outubro de 2018

PALAVRA DE VIDA

Ficai de prontidão! (Lc 12,35-38)
            Este Evangelho pode ser ouvido de duas maneiras: com um medo paralisante ou com profunda alegria. Ele nos fala sobre servidores que esperam a “volta” de seu senhor e, por isso mesmo, devem estar em vigília para lhe abrir as portas da casa tão logo o patrão se apresente. Para tanto devem manter suas lâmpadas acesas, do contrário podem cochilar e... perder a oportunidade do encontro.
            Quando o cristão reza o Símbolo dos Apóstolos – o Credo -, repete frequentemente que Cristo “subiu aos céus... de onde há de vir para julgar os vivos e os mortos”. Se de fato cremos neste mistério da fé, de que modo ele nos atinge?
            Alguém se apressaria a dizer que a expectativa da chegada de nosso Juiz só pode inspirar temor e tremor, diante da possibilidade de uma condenação inapelável, medo e angústia acentuados pela consciência de nossos próprios pecados.
            No polo oposto, muitos outros se alegram ao saber que nosso Juiz será aquele mesmo que, na cruz do Calvário, deu a vida por nós, para nossa salvação, e é nosso intercessor junto do Pai. Como observa André Louf, “mais ou menos pecadores, se nós tememos a hora em que Jesus virá, é porque não o conhecemos verdadeiramente, ainda não fomos inundados por sua misericórdia”.
            Vale lembrar que o primeiro réu a ser julgado – antecipadamente – foi um ladrão, na cruz ao lado, ouvindo do Juiz, igualmente cravado na cruz, a garantia de que seu processo estava anulado pela raiz e passaria ao Paraíso ainda naquele dia.
            André Louf, monge cisterciense, diz mais: “Pouco importa se Jesus virá de improviso e se nunca saberemos qual será essa hora. Este imprevisto faz parte da linguagem do amor e acrescenta-lhe um charme. Jesus não quer fazer medo. Quer apenas fazer uma surpresa como o apaixonado à sua amada, o que aguça deste modo a qualidade de sua espera e multiplica antecipadamente a alegria do encontro!”
            Ser cristão é viver o presente na expectativa da chegada do Senhor. O cristão não cai no sono, porque Ele vai chegar. “Não somos da noite, nem das trevas – diz São Paulo – portanto, não durmamos, mas vigiemos” (1Ts 5,6).
Orai sem cessar: “Minha alma aguarda o Senhor!” (Sl 130,6)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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