Ficai de prontidão! (Lc 12,35-38)
Este Evangelho pode ser ouvido de
duas maneiras: com um medo paralisante ou com profunda alegria. Ele nos fala
sobre servidores que esperam a “volta” de seu senhor e, por isso mesmo, devem estar
em vigília para lhe abrir as portas da casa tão logo o patrão se apresente.
Para tanto devem manter suas lâmpadas acesas, do contrário podem cochilar e...
perder a oportunidade do encontro.
Quando o cristão reza o Símbolo dos
Apóstolos – o Credo -, repete frequentemente que Cristo “subiu aos céus... de
onde há de vir para julgar os vivos e os mortos”. Se de fato cremos neste
mistério da fé, de que modo ele nos atinge?
Alguém se apressaria a dizer que a
expectativa da chegada de nosso Juiz só pode inspirar temor e tremor, diante da
possibilidade de uma condenação inapelável, medo e angústia acentuados pela
consciência de nossos próprios pecados.
No polo oposto, muitos outros se
alegram ao saber que nosso Juiz será aquele mesmo que, na cruz do Calvário, deu
a vida por nós, para nossa salvação, e é nosso intercessor junto do Pai. Como
observa André Louf, “mais ou menos pecadores, se nós tememos a hora em que
Jesus virá, é porque não o conhecemos verdadeiramente, ainda não fomos
inundados por sua misericórdia”.
Vale lembrar que o primeiro réu a
ser julgado – antecipadamente – foi um ladrão, na cruz ao lado, ouvindo do
Juiz, igualmente cravado na cruz, a garantia de que seu processo estava anulado
pela raiz e passaria ao Paraíso ainda naquele dia.
André Louf, monge cisterciense, diz
mais: “Pouco importa se Jesus virá de improviso e se nunca saberemos qual será
essa hora. Este imprevisto faz parte da linguagem do amor e acrescenta-lhe um
charme. Jesus não quer fazer medo. Quer apenas fazer uma surpresa como o
apaixonado à sua amada, o que aguça deste modo a qualidade de sua espera e
multiplica antecipadamente a alegria do encontro!”
Ser cristão é viver o presente na
expectativa da chegada do Senhor. O cristão não cai no sono, porque Ele vai
chegar. “Não somos da noite, nem das trevas – diz São Paulo – portanto, não
durmamos, mas vigiemos” (1Ts 5,6).
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