terça-feira, 14 de junho de 2011

PALAVRA DE VIDA
Amai os vossos inimigos! (Mt 5, 43-48)

        Os amigos, nós escolhemos. Os inimigos, não. Muitas vezes, já nascemos com inimigos. Perguntem à criança palestina, cujo pai morreu antes que ela nascesse, fuzilado por uma patrulha israelense... Perguntem ao menino negro do Sul dos EUA, que não podia sentar-se no ônibus se houvesse brancos na mesma viagem... Perguntem à jovem croata, cujo filho nasceu depois de ser estuprada por um soldado sérvio...
        Aí, vem o Senhor Jesus – aquele que mataram em uma cruz – e diz-nos com voz suave e firme: “Amai os vossos inimigos!” Ah! Parece impossível! Fazer como Estevão, o primeiro mártir, que rezou enquanto era lapidado: “Senhor, não lhes leves em conta este pecado!” (At 6, 60.)
        Bem, pode não ser fácil, mas Jesus não nos pediria algo impossível. Ele não nos diria absurdos! É que o Mestre tem algo em mente, um elevado ideal a ser perseguido por nós. É como se dissesse: “Afinal, vocês querem, ou não, ser filhos do Pai do Céu? Ele, que faz o sol nascer para todos – os justos, seus amigos, e os injustos, seus inimigos! E manda a chuva cair no quintal de uns e de outros, igualmente...” E arremata: “Sede perfeitos como vosso Pai celeste!”
        Então é isto! O Pai celeste não conhece o ódio. Ele é todo amor. Se nosso coração também ficar cheio de seu amor, também esvaziaremos o ódio de nosso interior. Se o Espírito de Deus mover nossas emoções e sentimentos, então os nossos atos serão também marcados pelo amor.
        Alguém dirá: Você não conhece meu patrão! Você não conhece meu vizinho! Você não conhece minha sogra! E eu direi: Sim, não OS conheço. Mas eu ME conheço. Sei de meus defeitos. Sei de meus pecados. E preciso ser perdoado e amado, senão minha vida será um inferno. E se eu preciso de perdão e de amor, como poderia negar o mesmo amor e o mesmo perdão aos outros?
       Bem, vamos fazer um reparo. O cristão não tem inimigos. Pode ser perseguido, caluniado, martirizado, mas se recusa a classificar seu algoz como inimigo. Afinal, se o martírio nos abre a porta do céu, nosso carrasco nos faz imenso bem! E os pequenos algozes de cada dia, aqueles que nos fazem sofrer de mil maneiras, também eles colaboram para nossa santificação. Logo, não são inimigos, são colaboradores...
        A quem eu devo perdoar, para merecer o nome de filho de Deus?

Orai sem cessar: “Pai, perdoa-lhes: não sabem o que fazem!” (Lc 23, 34)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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