quarta-feira, 15 de junho de 2011

PALAVRA DE VIDA
Não toques trombeta! (Mt 6, 1-6.16-18)

        Calma! Jesus não tem nada contra os trombonistas! Mas sua expressão figurada nos ensina a discrição até no fazer o bem. Podemos estragar uma ação boa com nosso exibicionismo. Dizem que os fariseus, ao lançar as moedas nos cofres do templo, deixavam que caíssem bem do alto: assim, com seu tilintar, todos olhariam naquela direção e veriam a cara do piedoso doador. Pois, sim...
        A mãe de um amigo meu morava em uma cidade do interior de Minas. O marido tinha um pequeno comércio, ou melhor, uma “venda”, como se dizia naqueles tempos. Toda manhã, discretamente, escondida do marido (ou ele fazia vista grossa?), ela pegava uma bolsa com 2 ou 3 quilos de mantimentos e visitava uma família pobre. Somente após sua morte, veio à tona a sua caridade. E todos compreenderam por que motivo metade da cidadezinha era composta de afilhados e afilhadas daquele casal. Até Jesus aplaudiria esse tipo de caridade...
        A caridade cristã não tem nada a ver com filantropia. Os filantropos e clubes de serviço não sabem fazer o bem sem anexar rumorosa propaganda: vejam só o que estamos fazendo! Das obras dos políticos, nem se fale! A placa chega a ser maior que a obra executada!
        Para nós, Jesus propõe um caminho de vida interior, sem máscaras e purpurinas. O Pai vê o que é secreto e nos recompensará por nossos gestos de amor. Ao contrário, se damos um jeitinho de aparecer aos olhos dos homens, “já recebemos nossa recompensa”, isto é: nossa goiaba já nasceu bichada!
        Madre Teresa de Calcutá, em suas memórias da infância, conta que em sua casa, na Albânia, muitas vezes havia pessoas estranhas à mesa. Quando perguntava quem eram elas, a mãe respondia: “São parentes nossos que moram longe daqui”. Na verdade, eram pobres sem recursos, que passavam por lá, refugiando-se da guerra. A mesma mamãe ensinaria à pequena Teresa: “Se você fizer alguma caridade, que ninguém o perceba!”
        Jesus fala concretamente do jejum e da oração, práticas louváveis que devem ser igualmente discretas. Deus aprecia a simplicidade. Mas deve tapar os ouvidos para não ouvir certas orações que fazemos, cheias de palavras eruditas, altissonantes, mas sem nenhuma ressonância interior... Puro exibicionismo!
        Por isso o conselho de Jesus: rezar no quarto em segredo, onde apenas os olhos do Pai estão voltados para nós. Ali será mais sincera a nossa oração...

Orai sem cessar: “Como a criança no seio materno, como tal criança são meus desejos.” (Sl 131, 2)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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