sexta-feira, 24 de junho de 2011

PALAVRA DE VIDA
E ficaram todos admirados... (Lc 1, 57-66.80)
        É claro que eles tinham bons motivos para ficarem admirados! Engravida e dá à luz uma mulher idosa e estéril. O pai fica mudo, depois de visitado por um anjo. A mãe escolhe o nome do filho, quando tal tarefa cabia ao pai. Estamos diante de uma autêntica revolução! Que menino seria aquele?!
        A admiração só iria crescer com o passar do tempo, quando o jovem João se retirasse para o deserto, vestido com o cinturão de couro dos profetas, e acabasse acompanhado por numerosos discípulos e procurado por incontável multidão, atenta ao anúncio de um Reino que se aproximava. (Mt 3, 4ss.) A admiração, mesclada a uma dose de medo, chegaria ao palácio de Herodes, para quem os brados do Batista soavam como chicotadas. Seria ele o Messias?
        Não. Não era ele o Messias, mas a voz que clama no deserto (cf. Is 40, 3). Sua missão era aguardar que surgisse ali, na margem do Jordão, Aquele que iria batizar no fogo e no Espírito. Então, João apontaria um longo indicador – como na tela de Matthias Grünewald – e bradaria bem alto, para todos ouvirem: “Eis o Cordeiro de Deus, a vítima que tira o pecado do mundo!”
       Cumprida esta missão, já podia ser preso e degolado. Importava que Jesus crescesse e ele fosse diminuído. Se até aqui admirávamos o perfil ascético e a extrema ousadia de João, agora devemos admirar a sua humildade.
        Pena que tenhamos perdido a capacidade de nos admirar das obras que Deus realiza em nossa vida. Assim como o povo judeu, cuja história registrava notáveis intervenções de Deus em seu favor, também nós ficamos “vacinados” diante da ação divina... Como se Deus tivesse obrigação de gerar vidas, mandar mais chuvas, manter os astros em suas órbitas. Como se tudo fosse... “natural”...
        Cada criança que nasce deveria levar-nos a mirar, remirar e admirar a obra do Deus da vida, que insiste em nos dar filhos e filhas. Cada nova estação, cada nova sementeira e cada nova colheita despertariam nosso louvor e nossa ação de graças. Deus permanece fiel. Seus dons não se esgotam. Dá-nos força para a missão. A vida faz sentido.
        Ao celebrar a natividade de João Batista (o único natalício celebrado pela Liturgia, além dos de Jesus e Maria), deveríamos fazer uma pausa para contemplar as maravilhas de Deus em nossa própria vida. E nos perguntar sobre a missão que o Senhor reservou para nós.
        Estamos sendo fiéis à nossa missão?

Orai sem cessar: “O Senhor deu-me a língua de um discípulo.” (Is 50, 4)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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