quinta-feira, 23 de junho de 2011

PALAVRA DE VIDA
O pão vivo... (Jo 6, 51-58)
        Na história do povo hebreu, o dom do maná – alimento que caiu do céu por 40 anos no deserto – era o grande sinal da Providência divina. Mas os “pais” comeram e... morreram. Agora, vem o Filho de Deus e se oferece como alimento de vida eterna, garantindo a aos participantes de sua mesa a vitória sobre a morte eterna.
        Hans Urs von Balthasar aponta para a unidade entre a Palavra de Deus e o Pão de Deus, milagre ocorrido na própria Pessoa de Jesus Cristo. Na prática, algo inconcebível até para os discípulos que o ouviam. Não admira que muitos o abandonassem após esse anúncio (cf. Jo 6, 66).
        Jesus pode transmitir a Palavra de Deus, mas como sua carne e seu sangue se farão uma só coisa com sua palavra? E Ele chega a dizer que não nenhuma perspectiva de vida eterna para quem não come de sua carne e não bebe de seu sangue. Por isso mesmo, parece que não se trata de mero convite, mas Jesus parece “forçar” essa alimentação.
        Von Balthasar lê assim: “Somente aquele que O recebe como alimento tem em si a Palavra de Deus e, por ela, o próprio Deus. Aqui toda comparação com o maná é claudicante, pois eles estão “mortos”, não obtiveram a vida eterna. Esta só é obtida por meio da refeição aqui oferecida”.
        Diante dessa revelação, comenta o teólogo suíço, só temos uma escolha: o “não” da multidão que desde então o abandona, ou o “sim” cego de Simão Pedro, não vendo outro caminho de eternidade a não ser Jesus.
        Não foi à toa que a experiência do maná aconteceu em pleno deserto. Que outra escolha teriam os hebreus no seu êxodo? Foi uma experiência pedagógica que Deus “forçou”, assim como os pais forçam os filhos... por amor. Deus nos empurra a uma situação “sem saída”. Ali, sobrevive apenas quem dá o salto na fé.
        Jesus é categórico: “Minha carne é verdadeiramente comida e meu sangue verdadeiramente bebida”. Quem aceita participar do banquete, “tem a vida nele”. Quem recusa o convite, recusa a vida.
        Bem-aventurada a multidão faminta que acorre ao banquete do Cordeiro, ouvindo o convite final: “Aquele que tem sede, venha! E que o homem de boa vontade receba, gratuitamente, da água da vida!” (Ap 22, 17.)
Orai sem cessar: “E nos dias de fome serão saciados...” (Sl 37, 19)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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