quinta-feira, 16 de junho de 2011

PALAVRA DE VIDA
Pai! (Mt 6, 7-15)
        Uma vez, recebemos em casa a visita de um amigo que trazia consigo um jovem judeu, estudioso das Escrituras, que se preparava para ser rabino. Em dado momento, eu lhe disse: “Nós, os cristãos, chamamos a Deus de ‘Abbá’”. O jovem judeu enrubesceu de pudor. E exclamou: - É... Vocês são ousados!
        E ele tinha razão. Esta é nossa ousadia de filhos de Deus: dirigir-se ao Deus Altíssimo, o Senhor dos Exércitos, com um vocativo aramaico que só uma criancinha de colo, íntima e confiante, ousaria dizer a seu “paizinho querido”.
        Mas não erramos ao tratar o Senhor com tanta intimidade. Foi o próprio Jesus, o Filho, quem nos ensinou a falar a Deus como uma criancinha de peito, sem recorrer a torneios de retórica e fórmulas de polidez. “Quando orardes, dizei assim: ‘Pai nosso...’ O exegeta alemão Joachim Jeremias escreveu um livro sobre os traços centrais do Novo Testamento, aquilo que o faz típico em relação ao Antigo Testamento. E a principal “novidade” dos tempos da Nova Aliança está bem aqui: a descoberta – revelada por Jesus – de que Deus é Pai.
        Permitam-me transcrever um trecho de meu livro “Assim na Terra como no Céu”, onde faço uma catequese sobre o Pai Nosso: “Todo cristão é portador de um segredo. Deus é Pai. Meu Pai. Imagine-se na pele de um catecúmeno dos primeiros tempos, na aurora da Igreja. Durante seu Catecumenato, sendo preparado para o batismo sacramental, só lhe permitiram que participasse da primeira parte da liturgia eucarística: a “missa dos catecúmenos”. Antes da segunda parte – a “missa dos fiéis”, leia-se “dos batizados” – foram convidados a se retirar do local da celebração, com as portas devidamente aferrolhadas. Lá dentro, a salvo dos olhos do mundo, os cristãos celebravam o “mistério”.
        “Pois imagine-se, agora, no dia de seu Batismo... Pela primeira, você participa da missa inteira. Num dado momento, toda a Assembleia (inclusive você) chama a Deus de Pai. Pai nosso... Imagine a sua emoção ao descobrir essa intimidade possível... Ao descobrir que Deus – o nosso – nos permite (e quer!) esse tratamento de filhos a um Pai-Amor...”
        Incoerentes são os teóricos de nosso tempo que pretendem que os homens sejam fraternos, as nações vivam em paz, a tolerância amenize as diferenças culturais e, ao mesmo tempo, negam a existência de Deus. Ora, se Deus não existe nem é nosso Pai, nunca seremos irmãos, mas lobo contra lobo!
       Estamos vivendo como filhos?

Orai sem cessar: “Ó Pai, eu sou teu filho!”

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário