PALAVRA DE VIDA
Cheio de alegria! (Mt 13, 44-52)
O Reino dos Céus não é uma espécie de troféu para premiar aqueles que demonstram uma fé heroica e cometem sacrifícios além da medida humana. Afinal, há terroristas e homens-bomba que se matam por um cego ideal político e – óbvio – estão a anos-luz do verdadeiro Reino!
A parábola do homem que encontra o tesouro escondido no campo orienta o nosso olhar para outra direção. Para começar, em nenhum lugar se lê que tal homem andasse à procura de tesouros. Tudo indica que era um lavrador e, ao revolver o terreno, achou o inesperado tesouro. Nada que brote de planos e intenções humanos, mas pura graça, puro dom.
Quando, a seguir, o felizardo se dispõe a vender tudo o que possui para reunir os meios de adquirir o terreno e, por consequência, tornar-se legítimo dono do tesouro, pode sugerir a muitos que realizava um gesto de heroísmo: dar tudo em troca do bem encontrado. Pois não é uma boa leitura da parábola! O que Jesus vem nos ensinar é que o homem foi invadido de tal alegria, que experimentou uma plenitude de sentido em sua vida. Tinha, agora, uma razão para viver!
Feliz do fiel que descobriu a alegria! Pobre daquele que ainda vê o cristianismo como uma tábua de valores morais a serem penosamente exercitados. Cumpridos. Triste daquele que só percebe no cristianismo a dimensão – importante, sim – da cruz. E segue, vida afora, gemendo e chorando, desgostoso de tudo, à espera da morte e da... recompensa por ter sido tão triste!
Ora, quem encontrou o Deus de Jesus Cristo, achou também a fonte inesgotável da alegria espiritual. Irá, agora, irradiar à sua volta a luminosa alegria dos bem-aventurados, ainda que envolvido pela trama de nossa condição humana, com tudo o que ela inclui de penumbra e de dor.
Mesmo na segunda parábola, na qual o mercador tinha a intenção de encontrar pérolas – o que supõe esforço e disciplina interior -, a decisão de trocar tudo pela pérola inigualável resulta do júbilo pelo achado. É sempre a alegria que leva à decisão.
Se a hipótese de escolher exclusivamente a Deus ainda desperta em nós um sentimento de perda, é que ainda não experimentamos a verdadeira alegria. Os mártires que caminhavam em direção ao carrasco, cantando hinos de louvor, sabiam muito bem de que alegria nós estamos falando...
E você? Já encontrou o seu tesouro?
Orai sem cessar: “Em vós, Senhor, eu estremeço de alegria” (Sl 9, 3)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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