segunda-feira, 25 de julho de 2011

PALAVRA DE VIDA
... para dar sua vida... (Mt 20, 20-28)

Na festa de São Tiago (maior), irmão de João, ambos filhos de Zebedeu, a liturgia chama nossa atenção para a participação do discípulo na missão do Mestre. Assim como Jesus deu sua vida pelo mundo, também Tiago pode sacrificar-se pelo Evangelho. No livro dos Atos dos Apóstolos, São Lucas registra que São Tiago morreu pela espada, a mando de Herodes. (At 12, 2.)

Mas o Evangelho de hoje nos apresenta o contraste entre a glória terrena e o “cálice” de Jesus. A Mãe de João e Tiago fez o papel de porta-voz dos filhos; pediu para eles uma posição de honra especial quando Jesus viesse a estabelecer o seu novo reino. Sinal claro de que ainda sonhavam com um “reino” material, político e social, que suplantaria mesmo o brilho dos tempos de Salomão.

Jesus responde-lhes com outra pergunta: “Podeis beber o cálice que eu hei de beber?” Ora, que “cálice” será este? Trata-se de uma expressão figurada: a “copa” (ou “cálice”) representa o sacrifício, pois nela se recolhia o sangue dos animais oferecidos no Templo da Primeira Aliança. O cálice supõe uma vítima, cujo sangue é aspergido sobre a assembleia em um ritual de purificação.

Por várias vezes, Jesus se refere ao seu “cálice” (Jo 18, 11; Mt 26, 39), imagem-símbolo de seu batismo de sangue, que sofreria no Calvário. Assim, caberia também aos Apóstolos a oportunidade de sofrer perseguições e até o martírio, testemunhando a fé com a própria vida.

Por ora, a pretensão dos dois irmãos provoca ódio e ciúme dos companheiros, pois a ânsia de glória e de sucesso estabelece a competição e leva à fratura da unidade. Futuramente, ao imitarem seu Mestre com uma vida de serviço à Igreja, de total dedicação a seu rebanho, acharão a unidade no comum martírio.

De fato, a “comunhão” não se refere a uma “comum-união”. Em sua raiz latina, a palavra “communio” tem dois mm: um do prefixo (com) e outro do termo múnus (tarefa), para mostrar que só entramos em comunhão quando assumimos nossa tarefa comum. Se o trono os separava, o Evangelho, a cruz e a espada haveriam de uni-los para sempre no mesmo amor e na mesma fé.

Como escreve o Papa Bento XVI na Encíclica “Spe Salvi”, “não é o evitar o sofrimento, a fuga diante da dor, que cura o homem, mas a capacidade de aceitar a tribulação e nela amadurecer, de encontrar o seu sentido por meio da união com Cristo, que sofreu com infinito amor”. (SS, 37.)

Por que temos caminhado com Jesus? Pela glória ou pela cruz?

Orai sem cessar: “Para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro.” (Fl 1, 21)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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