PALAVRA DE VIDA
Dai de graça... (Mt 10, 7-15)
Os dons de Deus são gratuitos. Não “custam” nada. O livro dos “Atos dos Apóstolos” fala de um tal Simão (At 8, 18ss), homem dedicado à magia, que ousou oferecer dinheiro aos apóstolos em troca dos poderes excepcionais que o Espírito Santo neles manifestava. Eis a resposta de Pedro: “Maldito seja o teu dinheiro e tu também, se julgas poder comprar o dom de Deus com dinheiro!”
Igual maldição há de merecer aquele que “usa” o Evangelho e a religião com a intenção de acumular fortuna, explorando impiedosamente a inocência ou a ignorância do povo simples. A exemplo do Mestre, seus seguidores vivem vida simples e sóbria. Mesmo quando dotados de dons extraordinários (como o dom de curar enfermos do Pe. Emiliano Tardiff), o homem de Deus jamais fará negócio com tais poderes.
Mas há muitos “dons naturais” que nos foram concedidos e que devemos partilhar com nossos irmãos. Podem ser conhecimentos, habilidades, pendores artísticos e – por que não? – força muscular: tudo pode ser orientado para o bem de nossos irmãos, para o enriquecimento da comunidade humana.
É conhecido o exemplo de George Washington Carver, filho de escravos nos EUA, que recusou um alto salário no laboratório de Thomas Edison, preferindo exercer o seu humilde trabalho de professor em uma escola rural, onde ensinava as famílias pobres a utilizar melhor os recursos de suas terras. Ainda que exímio músico e pintor de qualidade, Carver morreu pobre e solteiro, pois sabia que seria difícil encontrar uma esposa que adotasse o seu estilo de vida tão despojado.
Em um mundo como o nosso, capitalista e contabilizado, onde escasseiam a dedicação e o altruísmo desinteressado, mesmo em atividades como a medicina, o magistério e o sacerdócio, Jesus nos chama a viver para nossos irmãos, multiplicando entre eles o amor que Deus nos dá de graça.
Recentemente, o “testamento” de João Paulo II revelou ao mundo o seu notável espírito de pobreza. Alguns anos atrás, Madre Teresa de Calcutá visitara São Paulo, trazendo como bagagem uma única muda de roupa e uma pequena bacia, dentro de uma caixa de biscoitos amarrada com um cordão de persiana. O desprendimento e a sobriedade de quem segue a Jesus dão o feliz testemunho da profunda liberdade espiritual que o Espírito de Deus pode infundir em nós.
Estamos preocupados em acumular? Ou em partilhar?
Orai sem cessar: “O Senhor é meu pastor. Nada me falta.” (Sl 23 [22], 1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário