PALAVRA DE VIDA
Eu te darei as chaves... (Mt 16, 13-19)
Este é um Evangelho muito denso, rico de informação. No centro de tudo, a proclamação explícita de Jesus como o Cristo, o Filho de Deus. Estamos bem no coração da Boa Nova!
Enquanto a multidão divaga e tem grande dificuldade em apreender o mistério que se oculta sob a pessoa do Rabi da Galileia, o velho pescador – sem nenhum apoio em sua própria (e limitada) natureza humana – recebe do Espírito Santo as luzes interiores que lhe permitem identificar seu Mestre como o Messias esperado por Israel. E vai muito além: Jesus é o próprio Filho de Deus!
É suficiente para que Jesus defina o Apóstolo Pedro como a “rocha” – fazendo um jogo de palavras com o termo aramaico kefas [= pedra, rocha, equivalente ao latim petra, Petrus]. Se é Jesus a verdadeira “pedra angular”, ele deixará a Pedro como a “rocha” da Igreja, seu corpo místico. A profissão de fé de Pedro é suficiente para que o Senhor o coloque à frente da Igreja. Vale notar que o Evangelho de São João já registrava esta “missão” petrina desde o primeiro encontro entre o Mestre e o velho pescador (cf. Jo 1, 42).
O símbolo das “chaves” aponta para uma faculdade ou poder que Jesus Cristo entrega nas mãos da Igreja, centrada na figura de Pedro: ligar e desligar, fechar e abrir. Após a ressurreição (cf. Jo 20, 23), Jesus será ainda mais claro, referindo-se ao poder de perdoar (ou não) os pecados. Com as “chaves” nas mãos, os herdeiros do ministério apostólico podem abrir os tesouros de Cristo confiados à Igreja e distribuí-los entre os fiéis. Ao cortar os laços que prendem ao pecado, com a absolvição, reconciliam os pecadores com a Igreja. Podem também definir quem está ligado, ou não, ao corpo de Cristo. Este é o “poder das chaves”.
Obviamente, não se trata de um poder discricionário, a ser desempenhado com arbítrio e despotismo. Ao contrário, o “poder das chaves” constitui um permanente serviço à Igreja e à humanidade, alvos do amor entranhado do próprio Senhor. Quando os sucessores de Pedro assumem sua cátedra, passam a exercer um serviço pastoral, mas também uma “autoridade” para governar a casa de Deus (cf. Catecismo, 553), que é a Igreja, tomando decisões de caráter doutrinal e disciplinar.
Nós sabemos por experiência própria que os filhos rebeldes, ressentidos, costumam reclamar da autoridade paterna. Ao mesmo tempo, os filhos obedientes experimentarão sempre mais os infinitos tesouros da ternura e da misericórdia. Qual é a minha atitude em relação à Igreja?
Orai sem cessar: “Tu é o Cristo, o Filho do Deus vivo!” (Mt 16, 16.)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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