PALAVRA DE VIDA
Se ele te ouvir... (Mt 18, 15-20)
Eu erro. Tu erras. Nós erramos. E os erros existem para serem corrigidos. Um sinal inegável da caridade é a correção de quem erra. Se os pais amam seus filhos, corrigem suas faltas, apontam seus erros e, se necessário, punem sua reincidência. E esses castigos não significam um gesto de vingança, mas sinal de proteção. Visam a evitar erros e riscos ainda maiores, tanto para a pessoa como para a sociedade.
Um grupo humano onde cada um fizesse o que bem quisesse, sem referência a normas e regulamentos, arrogando-se o direito a uma liberdade sem limites, logo seria um grupo condenado à destruição. Imaginem o Povo de Deus, errante pelo deserto durante 40 anos, sem as defensas do Decálogo: Deus esquecido, culto banido, pais desonrados, bens pessoais pilhados, homens de olho na esposa dos outros, agressões e assassinatos... Jamais chegariam à Terra Prometida!
Daí, a necessidade de exortar, corrigir e, se necessário, punir o infrator. No Evangelho de hoje, o Mestre nos ensina a não permanecer indiferente e neutro diante daquele que erra. Dado que somos responsáveis uns pelos outros, nosso dever é repreender aquele que errou. Não há nenhuma garantia de que ele nos ouvirá. Nossa esperança se fundamenta em mera possibilidade: “se ele te ouvir”...
O irmão que erra é livre para recusar a advertência, livre para se irar contra nós, livre para se afastar e romper relações. Mas nós teremos demonstrado que de fato o amamos e queremos seu bem. Não deixamos que ele se afundasse mais e mais, até a ruína definitiva...
Por volta de 1970, recebi a visita de dois amigos que eu não via desde os tempos de solteiro – Gil e Eugênio. Conversando, disse a eles: “Agora, meu negócio é o trabalho. Não estou nem aí para essas coisas de família...” Eles silenciaram e mudaram de assunto. Daí a pouco, eu volto ao tema e repito praticamente a mesma frase. Gil se voltou para mim e comentou: “Sabe, nós gostávamos mais do Santini antigo!”
Calei-me, envergonhado. Meu pecado tinha sido posto à luz. Que bom que eles não foram meus cúmplices!
E você? Acha mais cômodo ficar em cima do muro? Ou assume o risco de abrir os olhos de seu irmão?
Orai sem cessar: “Senhor, é na vossa luz que vemos a luz!” (Sl 36, 10)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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