terça-feira, 11 de outubro de 2011

PALAVRA DE VIDA

O vosso interior... (Lc 11, 37-41)
O ensinamento dos rabinos judeus incluía estritas normas de “pureza legal”. Neste Evangelho, Jesus, o filho do carpinteiro, sentou-se à mesa para a refeição sem as tais abluções preparatórias, causando certo escândalo a seu anfitrião. Jesus se vale da ocasião para lembrar que a pureza interior era a mais importante. Nada vale a higiene externa, se o íntimo da pessoa cheira mal. Nem podemos disfarçar a falta de amor com algumas esmolas... Parece boa oportunidade para lembrar algo óbvio, mas que costuma passar despercebido. A pessoa humana tem dois lados: o exterior e o interior. Claro que ambos devem ser cuidados, mas o interior é mais importante.

Alguém não dorme sem escovar 50 vezes os longos cabelos, elogiados por sua beleza, efeito de uma cosmética fora do alcance dos pobres. E os cabelos são apenas excreção, assim como as unhas e o suor. Será que a mesma pessoa gasta cinco minutos, ao final do dia, para fazer um exame de consciência e pôr em ordem a sua casa interior? Pode ser que o homem de meia idade ande preocupado com a queda de seus cabelos, o que motiva consulta médica e o uso de algum tônico capilar. E do lado de dentro? Que pensamentos ele alimenta? Que sentimentos ele estimula? Raiva, ódio, falta de perdão, planos de vingança?

A sociedade pagã vive de aparências, valorizando o sucesso financeiro, a fama, os bens acumulados. Não leva em conta se os meios utilizados para fazer fortuna incluem a exploração do próximo. O corpo merece cada vez mais atenção, em uma espécie de culto religioso. Proliferam academias de ginástica, o fitness é praticado com esforço e suor, aficcionados “malham” horas e horas, jovens “bombam” os músculos, corpos modelados com implantes de silicone...

O exercício físico não é inútil, mas o Apóstolo adverte: “Exercita-te na piedade. Com efeito, o exercício corporal é de escassa utilidade, ao passo que a piedade é útil para tudo. Não possui ela a promessa da vida, tanto da vida presente como da futura?” (1Tm 4, 7b-8.) E Jesus acrescenta: “De que vale ao homem ganhar o mundo inteiro, se vem a perder a sua alma?” (Mt 16, 26.)

A passagem do tempo manifesta o real valor de tudo. A atriz que atraía multidões ao cinema, ao final da vida se tranca num apartamento, incapaz de conviver com as rugas. O ex-campeão de boxe tem mãos trêmulas, ferido pelo Mal de Parkinson. Já os santos envelhecem em paz, servindo os irmãos até o último suspiro. Teresa de Calcutá e João Paulo II não me deixam mentir...

Orai sem cessar: “Senhor, tu me sondas e me conheces.” (Sl 139, 1)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário