sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

PALAVRA DE VIDA

 Uma lâmpada que ardia... (Jo 5, 33-36)

adoraveluvinha | EVANGELHO - João 5, 33-36Nos tempos de Cristo, antes da eletricidade, as lâmpadas eram lamparinas de azeite. Foi pensando nelas que o Mestre narrou a parábolas das dez virgens. As cinco que se prepararam para a vigília, à espera do noivo, com azeite de reserva, entraram para a festa das bodas. As cinco “loucas”, cujas lâmpadas se apagaram por falta de combustível, ficaram de fora, na escuridão.

Ao comentar esta parábola, S. Serafim de Sarov, o notável místico russo do Séc. XIX, traduz a imagem do óleo das lâmpadas como a presença do Espírito de Deus no cristão. Se o fiel está cheio do Espírito Santo, iluminará à sua volta. Arderá de amor. Arderá no Amor.
Foi assim com João Batista. Desde a visitação da Mãe de Deus a Isabel, ainda no ventre materno, o menino João foi tomado pelo Espírito. Seu estremecimento anunciava a Isabel a chegada do Salvador, trazido no seio de Maria. (Cf. Lc 1, 41.) Daí em diante, por toda a sua vida, João, o Batizador, seria uma tocha ardente a iluminar a noite dos homens.

Nada sabemos sobre sua infância. Vamos encontrá-lo na solidão do deserto, convivendo pacificamente com as feras, como a inaugurar os tempos anunciados por Isaías - lobo e cordeiro dividindo pasto, o boi e o leão comendo no mesmo cocho - (cf. Is 65, 25). Ali, em uma gestação espiritual, o filho de Zacarias auscultava o Espírito e se preparava para sua missão.

Um dia, no Jordão, a multidão entrava nas águas, no gesto do penitente que se mostra disposto a acolher o novo Reino anunciado, e eis que se aproxima Jesus - o puro e santo – misturado à turba dos pecadores. Terá disparado, por certo, o coração fogoso de João, ao ver diante de si o Messias encarnado. Daí, seu espanto: “Tu vens a mim, quando eu é que preciso ser batizado por ti?!”

E João vê, aturdido, que Jesus entra no Jordão, enquanto desce sobre ele o Espírito de Deus, a mesma pomba que pairava sobre as águas primordiais (Gn 1, 2). Do céu, ouve-se a voz do Pai: “Este é o meu Filho amado, no qual deposito todo o meu amor.” No dia seguinte, João se dirige aos discípulos que o acompanham: “Aí está o Cordeiro de Deus.” A seguir, perderia seus seguidores, que irão com Jesus. Já pode morrer. Cumpriu sua missão.

João se apaga, pois chegou a luz mais forte. Jesus é “a luz verdadeira, que ilumina todo homem que vem a este mundo” (Jo 1, 9). E assim manifesta nossa missão: deixar-nos abrasar por Cristo, anunciá-lo e... sair de cena...

Orai sem cessar: “Prepararei uma lâmpada para o meu Cristo!” (Sl 132, 17)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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