terça-feira, 27 de dezembro de 2011

PALAVRA DE VIDA

Viu e acreditou... (Jo 20, 2-28)

Os ícones orientais da Ressurreição (em grego, anástasis) de Cristo mostram o túmulo vazio e a pedra rolada. Mas um detalhe chama nossa atenção: as bandagens (em grego, tà othónia) que haviam envolvido o corpo de Jesus, não haviam sido desmanchadas nem dobradas, como dizem algumas traduções, mas se mostravam frouxas, estendidas (em grego, keímena). No ícone, vê-se claramente um casulo vazio, de onde voara a borboleta de volta à vida. O Cristo Senhor ressuscita sem desmanchar seu invólucro de linho, mirra e aloés!

Foi isto que João viu e... acreditou. Daí em diante, os apóstolos poderão pregar: Não podemos calar o que vimos e ouvimos.” (At 4, 20.) “Aquilo que vimos com os nossos olhos... nós vo-lo anunciamos...” (1Jo 1, 1.3.) A simples visão do túmulo vazio não seria suficiente para levar à convicção da ressurreição de Cristo. Mas a evidência de que o corpo de Jesus passara através das bandagens sem as desmanchar, deu aos apóstolos a certeza que ainda lhes faltava.

O Evangelho de hoje coloca lado a lado Pedro e João, a instituição e o carisma. João, muito mais jovem, corre mais depressa e chega primeiro. Mas não entra, reconhecendo a precedência de Simão Pedro, que Jesus havia postado à frente dos Doze. Mas é de João – autor deste texto – o ato de fé, que brota do “insight” despertado pela visão das bandagens acamadas no solo, tornadas um tanto sólidas e firmes pelos aromas (cem libras! Mais ou menos 30kg!) trazidos por Nicodemos para o embalsamamento de Cristo.

Uma frase de Jesus – “Bem-aventurados os que não viram e contudo creram” (Jo 20, 29) – tem sido insistentemente usada por aqueles que apregoam uma fé quimicamente pura, fé que dispensa sinais e milagres. Ora, se esses sinais que falam à visão e aos outros sentidos fossem inúteis, o próprio Senhor não teria devolvido a vista aos cegos nem ressuscitado Lázaro.

Deus sabe que somos humanos e, às vezes, hesitantes na fé, acabamos dependentes de sinais. Por isso mesmo, entre santos e entre pecadores, Ele sinaliza sem reservas, com demonstrações de seu poder e de seu amor. Se os racionalistas torcem o nariz para os milagres, tanto pior para eles! Enquanto isso, na esteira de João e Pedro, que não deram ouro nem prata ao aleijado da Porta Formosa, mas lhe devolveram a capacidade de caminhar, o povo simples aceita com alegria todos os milagres que Deus dá. Tanto melhor para eles...

Orai sem cessar: “Vem em socorro à minha falta de fé!” (Mc 9, 24)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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