O céu aberto... (Jo 1,43-51)

Jesus de Nazaré declarava sua divindade e sua origem “celeste”. Afinal, o “céu” é, na Bíblia, o lugar de Deus, sua sublime morada. Uma esfera vedada ao humano, já que o Éden – o “Paraíso” – estava fechado desde Gênesis 3, com seus portões guardados por um querubim armado por uma espada fulminante.
Quando os céus se abrem, Deus se manifesta. Foi o que aconteceu no “sonho” de Jacó (cf. Gn 28,12ss), quando o patriarca via uma escada que se apoiava na terra e tocava o alto do céu; anjos de Deus subiam e desciam pela escada. No alto, Deus se dirigia a Jacó-Israel com bênçãos e promessas. No Novo Testamento, foi a vez de Pedro ver “os céus abertos”, com a visão da toalha e a voz do Senhor (cf. At 10,11ss). Também Estevão, o protomártir, fora apedrejado sob a acusação de blasfêmia, exatamente ao dizer que via “os céus abertos e Jesus à direita de Deus” (cf. At 7,56).
Percebe-se nesta maneira de ver e pensar, uma visão em que céus e terra são “esferas” independentes e separadas: o mundo de Deus e o mundo dos homens. Aqui e ali, em situações especiais, os céus se abriam e descia um anjo de Deus ou o próprio Senhor se manifestava em uma teofania, como na sarça ardente, com Moisés (Ex 3), ou na visão de Daniel (Dn 7,13ss).
Até então, era impensável a hipótese de uma verdadeira “invasão” do divino na história dos homens. E foi isto que ocorreu com a Encarnação do Verbo de Deus. Ao nascer de Mulher, gerado pela ação do Espírito Santo na Virgem Maria, o Filho de Deus estende uma ponte permanente entre o céu e a terra. Nele, diz a Carta aos Hebreus, temos um “caminho novo” para Deus (Hb 10,20). Não só é um canal de mediação, mas é presença viva entre os homens, o autêntico Deus-conosco, que se dá como alimento em cada Eucaristia.
Assim, na celebração eucarística, ao som do coral angélico que canta “Santo, Santo, Santo”, novamente se abrem os céus e o Deus vivo se faz nosso conviva, divinizando nossa frágil humanidade. Razão suficiente para o fiel tornar-se adorador...
Orai sem cessar: “Entremos e prostrados o adoremos,
de joelhos ante o Deus que nos criou!” (Sl 95 [94],6)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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