sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

PALAVRA DE VIDA

Meu Filho! (Mc 1,7-11)

Sim, o homem que mergulha nas águas do Jordão não é um pecador a mais, entre outros, na longa fileira daqueles que participam de um rito de purificação proposto por João Batista. Ao contrário, é Jesus de Nazaré quem purifica as águas que descem das colinas de Golã. Ali mesmo, séculos antes, Naamã (cf. 2Rs 5) “sacara por conta” e ficara limpo de sua lepra.

Sim, o homem nas águas não é apenas um sábio do Oriente, assim como alguns preferem reduzi-lo. Não é apenas um profeta que clama no deserto. Não é apenas um agitador social que ergue a voz contra os abusos do tirano. Não é apenas um taumaturgo com poderes de cura e milagres que atraem as turbas famintas, em busca de pão multiplicado. Não é apenas um homem bonzinho que foi maltratado e pregado na cruz...

Quando céus se rasgam (esta é a tradução da Bíblia de Navarra!) e Deus se manifesta aos homens em uma teofania trinitária, experimenta-se a presença ativa de toda a Trindade divina. Nas águas do Jordão, vestido da carne dos mortais, Jesus, o Filho. Descendo em voo vertiginoso sobre ele, diante dos olhos de João Batista, o Espírito Santo na forma visível de uma pomba. E da nuvem celeste, a voz do Pai que identifica seu Enviado: “Tu és o meu Filho amado...”

Nesta passagem, estamos diante de uma cena de “identificação”: a partir deste Evangelho, já não há dúvida acerca da pessoa de Jesus Cristo: o próprio Pai o reconhece e atesta sua filiação divina. Já não há como reduzir Jesus Cristo a um homem bom, um profeta, um “iluminado”; de fato, ele é a própria Luz do mundo (cf. Jo l,9; 8,12).

Quando o Filho de Deus se faz um de nós, assumindo nossa carne mortal, também nós somos adotados pelo Pai e, pelo batismo, nos tornamos filhos de Deus. Doravante, pertencemos à família de Deus. Somos chamados a viver, de forma progressiva, uma imersão em Cristo, com ele configurados e, a seu exemplo, buscando em tudo a vontade do Pai.

Estamos diante de uma exclusividade cristã: a filiação divina. Em Jesus se enraíza nossa filiação ao Pai. De agora em diante, que afirma crer no Pai já não pode esquivar-se do Filho. Aliás, é o Filho o caminho que leva ao Pai. Seria insensato trocar o Caminho por algum pretenso atalho...


Orai sem cessar: “Um Filho nos foi dado...” (Is 9,5)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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