sábado, 7 de janeiro de 2012

PALAVRA DE VIDA

Fazei o que ele vos disser... (Jo 2,1-11)

As empresas têm suas normas. Os equipamentos anexam o manual de instruções. Nós, criaturas, recebemos de Deus os Dez Mandamentos. Não é curioso que a tentação básica para nos afastar do amor divino esteja centrada no louco impulso de autonomia que nos seduz para fora do querer divino?

A tentação é a mesma do início: decida você mesmo aquilo que é bom ou mau para você! Não aceite tutor! Seja você mesmo o seu Dono e Senhor! Você não precisa de que alguém lhe diga o que fazer. Você sabe muito bem onde tem o seu nariz! Trace seu próprio caminho!

Ora, nós somos criaturas. Não somos o Criador. Ser criatura é ser dependente. Nossa visão é imperfeita, nossa miopia nos leva aos atalhos tortuosos, aos brejais sem saída. Seguindo as inclinações naturais, fazemos guerras e causamos desastres...

E por falar em desastres, é a sua possibilidade que nos leva a instituir as leis de trânsito, com mão e contramão, luzes verdes e vermelhas, faixas preferenciais e limites de velocidade. E só um louco alegaria direitos de autonomia para dirigir na contramão e avançar o sinal vermelho. Obedecer às normas é garantia de vida...

Quando Deus nos enviou seu Filho, nascido de Mulher, imerso em uma sociedade humana, falando um de nossos idiomas, o Senhor mostrava claramente sua intenção de nos orientar em nossa caminhada existencial. Por isso mesmo, no alto do Tabor, a voz que saía da nuvem advertia: “Este é o meu Filho. Escutai-o!” E não é que Deus deseje nos fazer escravos: ele sabe de nossa fraqueza, quer sustentar-nos em sua força.

No Evangelho de hoje, no meio de um casamento da roça, quando o vinho faltava e a alegria estava ameaçada, é a Mãe de Deus que diz aos serventes: “Fazei o que ele vos disser!” Assim, Maria encarna o papel da Igreja, preparando os ouvidos da humanidade para acolher a Palavra que, acolhida e obedecida, permite que entre nós se experimente a alegria apagada, a paz ameaçada, a esperança perdida.

Somos pequenos, crianças em crescimento. Nosso conhecimento é relativo, nossa vontade fragilizada. Dependemos em tudo do dinamismo do Espírito de Deus, de suas luzes, de seu ânimo. A verdadeira sabedoria – aquela que salva – consiste em submeter livremente nossa vontade à Vontade de Deus.

Orai sem cessar: “Meu Deus, quero fazer o que te agrada!” (Sl 40 [39],9)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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