domingo, 15 de janeiro de 2012

PALAVRA DE VIDA

Fitando o olhar em Jesus... (Jo 1,35-42)

Ubi amor, ibi oculus. Onde está o amor, aí está o olhar. E toda a literatura renascentista insistiu neste traço singular da natureza do amor: ser despertado pelo olhar. A própria definição de “belo” que os antigos nos oferecem também parte do olhar: quod visum placet: belo é aquilo que agrada ao ser visto.

O Evangelho de hoje chama nossa atenção para a importância do olhar. Quase poderíamos resumir assim: “dize-me para onde olhas e eu te direi quem és...” Nosso olhar é altamente revelador. Já chamaram os olhos de “janelas da alma”. Com frequência, nosso olhar nos trai, revelando aquilo que gostaríamos de manter oculto. É que o olhar denuncia nossas preferências, deixa escapar nossos segredos...

Um exemplo simples? Que tipo de programa eu vejo na TV? Que espécie de filme me atrai de modo especial? Guerras e conflitos? Romances e idílios? Intimidades amorosas? Violência gratuita? Pois aí está uma “re-velação” do meu interior. Uma retirada de véus que mal escondem nosso mundo interior.

No Evangelho de hoje, quando Jesus passa junto ao Jordão, dois discípulos (de João Batista) fixam nele o seu olhar. É o olhar de quem anda à procura do encontro. O olhar que manifesta a sede interior. E esse olhar será recompensado com o convite à intimidade, a conhecer o lugar onde o Mestre mora: “Vinde ver!”

Hoje, no meio de uma sociedade que contempla o mal, ainda existem fiéis apaixonados por Jesus Cristo. Sabendo – e crendo! – que Jesus está presente no sacrário, nas espécies consagradas, esses apaixonados se fazem adoradores. De olhos fixos no Senhor, eles se quedam em silêncio prolongado, como quem se expõe à luz de um sol espiritual para se encharcar no amor divino.

Em seu último Documento publicado, o Papa João Paulo II escreveu: “Permaneçamos longamente prostrados diante de Jesus presente na Eucaristia, reparando com nossa fé e nosso amor os descuidos, os esquecimentos e até os ultrajes que nosso Salvador deve sofrer em tantas partes do mundo. Aprofundemos na adoração a nossa contemplação pessoal e comunitária...” (Mane Nobiscum, Domine, 18.)

O Senhor Jesus anda esperando por nossos olhares...



Orai sem cessar: “Os meus olhos estão sempre fixos no Senhor!” (Sl 25,15)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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