sábado, 28 de janeiro de 2012

PALAVRA DE VIDA

Por que estais com medo? (Mc 4,35-41)

O coração do homem pode ser alvo de feras terríveis, como o ódio, a inveja e o ciúme. Mas é o medo que paralisa seus passos, recolhe suas mãos e impede que ele assuma a missão que Deus lhe reservou. Neste Evangelho, um vendaval ameaça levar ao fundo a barca que vai sendo inundada pela água embravecida. Jesus dormia, como anotou o Evangelista? Ou simulava dormir no meio de toda a agitação, testando a reação dos discípulos? O fato que é eles vão acordá-lo, vencidos pelo terror. “Não te importa que pereçamos?”

Neste início de milênio, a sociedade planetária também se vê ameaçada em sua sobrevivência: graves alterações climáticas, a crescente poluição, o buraco da camada de ozônio, tudo faz pensar em uma catástrofe sem proporções. Enfermidades novas (como a AIDS) e antigas (como a tuberculose) são virtuais pandemias. Os desequilíbrios sociais e econômicos alimentam a onda terrorista.

Diante desse panorama, duas reações predominam: o desespero pânico e o cinismo niilista. Em ambos os grupos, não se percebe nenhum sinal de esperança, de confiança em um Deus que é Pai e, por isso mesmo, saberá cuidar de seus filhos. É desta convicção que brota o dinamismo capaz de animar alguém a se comprometer com algum tipo de trabalho para recuperar o ambiente degradado, recompor as relações sociais, reduzir a desigualdade econômica.

Há muitas outras tempestades na vida humana. Traições da pessoa amada. Doenças inesperadas. Perda de entes queridos. O coração sitiado por paixões avassaladoras. A injustiça sistêmica. Seja qual for o mar agitado que nos cerca, é o mesmo Jesus quem nos vem perguntar: “Por que estais assim com medo? Não tendes fé?”

No fundo, é como se o Senhor nos perguntasse: “Não percebeis que eu também estou na mesma barca? Não abandono a Igreja à sua humanidade? Não me ausento de vosso lar?” A impressão de que estamos sós, abandonados à nossa fragilidade, é ilusão ou tentação. Ou as duas coisas...

Aliás, os não-cristãos estão permanentemente de olho em nós. Querem ver nossas reações diante das dificuldades desta vida. Se nos deixamos dominar pelo medo, abanarão a cabeça e duvidarão de nossa fé. Se permanecermos em paz, é este exato testemunho que pode aproximá-los do Senhor Jesus!

Orai sem cessar: “O Senhor reduziu a tempestade ao silêncio,

e as ondas se calaram.” (Sl 107 [106],29)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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