Sequer tinham tempo para comer... (Mc 6,30-34)

Diante da fome espiritual que a turba manifesta, a fome material de Jesus e de seus discípulos acaba em segundo plano. Aliás, também Jesus tem uma insaciável sede de almas. Foi assim que S. Teresinha do Menino Jesus interpretou seu brado na cruz: “Tenho sede.” E Jesus acaba matando a sua própria fome quando atrai e seduz uma alma para o Pai, tal como no episódio da Samaritana: “Eu tenho um alimento que não conheceis... Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou.” (Cf. Jo 4,32.34)
Na história da Igreja, é incontável a multidão de servos e servas que dedicaram com tal intensidade a sua vida ao rebanho de Jesus, que acabaram se consumindo e deteriorando a própria saúde física. Eles sabiam que o amor tem consequências... E jamais avaliaram que estivessem fazendo algo desproporcional ao amor que haviam experimentado em sua vida pessoal.
Óbvio, tal conduta suscita críticas generalizadas. Aparecem rótulos de todo tipo: Exagerado! Fanático! Radical! No entanto, se a mesma dedicação ascética se manifesta em um atleta (à espera de uma medalha olímpica) ou em um artista (atravessando o planeta de norte a sul, de palco em palco, muitas vezes mantido de pé a custa de drogas), estes merecem aplauso e admiração. Só o serviço a Deus incomoda... Só Deus não merece tanta dedicação...
Vale notar, ainda, que Jesus se deixa alcançar por aqueles que o procuram de alma e coração. Não alega prejuízos pessoais para se furtar ao encontro. Quem procura por Ele, acabará por encontrá-lo.
Este início de milênio mostra a multidão ainda à procura. E dá pena ver que tantos se matam por um alimento que não sustenta (cf. Is 55,2). Dinheiro e fama, prazeres e anestesias – nada pode matar nossa implacável fome do eterno.
A quem estamos procurando?
Orai sem cessar: “Procurar-me-eis e me haveis de encontrar,
porque de todo o coração me fostes buscar!” (Jr 29,13)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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