sábado, 11 de fevereiro de 2012

PALAVRA DE VIDA

Mulher... (Jo 2,1-11)
Este Evangelho foi escolhido para a memória litúrgica de N. Sra. de Lourdes. Narra as Bodas de Caná, quando Jesus transformou grande quantidade de água em vinho de primeira qualidade. Um detalhe especial do texto é a forma como o Filho se dirige a sua Mãe: “Mulher...”, causando desconforto em muitos fiéis que, ignorando os costumes da época e as intenções do evangelista teólogo, avaliam a cena pelos padrões de hoje.

Transcrevo para você uma página de meu livro “Bodas de Caná – Variações sobre um casamento na roça” (Ed. O Lutador, BH, 1998):

“Ah! Se Jesus soubesse o escândalo que iria provocar!

- “Mulher!” Isso lá é maneira de chamar a sua Mãe? Ah! Se São José ainda fosse vivo... Por certo lhe puxaria as orelhas!”

- Perdão, meus amigos, eu me emocionei! Olhei para minha Mãe, tão humana, tão preocupada com um pouco de vinho a mais, ou a menos, tão mulher, que pensei em outra mulher... Aquela que sai do lado do Homem. A que lhe faz companhia. A que povoa sua solidão. A que tem a mesma carne de Adão. A que toma parte de todos os seus problemas. Mesmo que seja uma pequena questão sobre vinhos ou sobremesas...

Claro que há diferenças... A outra mulher acabou desviando-se para os atalhos do NÃO. Veredas escuras para dentro de si mesma. Caminho centrífugo de perdição. E esta MULHER – perfeita, agraciada, esta NOVA EVA gerada no Espírito –

“Como és formosa, amiga minha!

Como és bela!

E não há mancha em ti!” (Ct 1,15; 4,7) –

E tem mais: eu não sei se, no futuro, será desgracioso – ou mesmo um insulto – chamar de MULHER às filhas de Adão. Não sei se tanto poderão decair, ou se depreciar, que chamá-las de MULHER ofenda e fira. Só sei que meu Pai precisou desta MULHER para me fazer humano. Eu nasci de MULHER...

Enfim, vocês – humanos – não deveriam se alegrar por ser assim? Ter alguém de sua própria carne a interceder por vocês? Sendo MULHER, ela sabe ser Mãe. Quem sabe, um dia, eu ainda lhes dou essa Mãe como presente de despedida?”

Orai sem cessar: “Salva meu povo, eis o meu desejo!” (Est 7,3)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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