domingo, 12 de fevereiro de 2012

PALAVRA DE VIDA

 Tocou-o... (Mc 1,40-45)
A sociedade humana é hábil em separar, dividir, rotular. O homem primitivo habitava em um vale, cercado de “homens”. Os habitantes do vale vizinho, “do outro lado da montanha”, não mereciam o nome de “homens”. Eram “bárbaros”, pois não falavam nosso idioma e possuíam costumes estranhos. A eles eram atribuídos crimes inomináveis, como abandonar os velhos e devorar criancinhas. Quem matasse um deles, era considerado herói...

Mesmo hoje, em pleno Séc. XXI, ainda erguemos muralhas religiosas (católicos e protestantes na Irlanda), étnicas (negros e brancos nos EUA), econômicas (pobres e ricos no Brasil). Chegamos ao extremo impensável, que é a realidade social ainda hoje vivenciada na Índia, com o corpo social rigidamente estratificado em castas.

Ali, conforme tenham saído da cabeça, do peito, dos membros ou dos pés de Brama, homens e mulheres estão incluídos em “castas” incomunicáveis. Os brâmanes são consagrados ao serviço religioso; os xátrias dedicam-se à administração e à vida militar. Os vaicias são comerciantes, criadores e agricultores. Os xudras assumem o trabalho braçal que sobra. Mais baixo ainda, entretanto, fica uma ampla faixa da população, considerada “sem casta”: são os párias, cuja sombra é capaz de tornar impura a pessoa atingida por ela. A eles, Gandhi preferiu denominar “harijans”, isto é, “filhos de Deus”.

Neste Evangelho, é um leproso, um “intocável”, que merece a atenção de Jesus. Para espanto dos circunstantes, o Senhor estende a mão – o ponto de contato entre a pessoa e o outro – e “toca” o intocável! A lepra desapareceu e ele ficou limpo. O excluído é reintegrado à vida social. A santidade e a pureza do Filho de Deus se transmitem àquele que é tocado por ele.

Hoje, quanta gente se sente impura, intocável, pelos pecados de outrora! Gente que ignora um aspecto central da vida de Jesus: “Eu não vim para os sãos, mas para os doentes. Não vim para os justos, mas para os pecadores.” (Cf. Mc 2,17.) Nenhum de nós pôde cair tão baixo, que não mereça a atenção e a aproximação do Senhor. Não há pecado humano tão grande, que chegue perto da menor das misericórdias de Deus. Basta erguer um olhar e ele nos tocará, inaugurando em nós uma vida nova.

Hoje, Jesus está à nossa espera. É hora de imitar o leproso do Evangelho e abrir nossa alma ao toque do Senhor.

Orai sem cessar: “Se queres, podes limpar-me!” (Mc 1,40)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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