quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

PALAVRA DE VIDA

O sinal de Jonas... (Lc 11,29-32)
            O evangelista São Lucas escreve especialmente para uma comunidade de estrangeiros, de gentios, os não-povo. Por isso mesmo, ele não perde ocasião para realçá-los em relação ao Povo Escolhido, tomado de cegueira diante do Messias que se revelava. E se algo devia irritar um judeu da época, em seu orgulho nacionalista, era ouvir algum tipo de elogio aos “cães” estrangeiros, assim como Jesus elogiava os habitantes da antiga Nínive citados neste Evangelho.
            Diante daqueles que cobravam de Jesus um “sinal do céu” que atestasse seu caráter messiânico, ele deixa de lado os reis e profetas da tradição hebraica e, para surpresa dos ouvintes, recorda a aceitação que tivera em Nínive a pregação de Jonas. Santo Efrém de Nisíbia (+373), monge e teólogo da Igreja síria, comenta:
            “Jonas tinha anunciado a destruição aos ninivitas e lhes inspirara o temor; semeara no meio deles o estupor e eles lhe apresentaram a colheita da contrição e os frutos da penitência. Esses pagãos se aproximaram de Deus e receberam a vida.
            Se os ninivitas houvessem desprezado Jonas, teriam descido vivos à mansão dos mortos, tal como Jonas no ventre do peixe. Mas, como fizeram penitência, também como Jonas foram chamados da morte para a vida. Assim acontece igualmente com Nosso Senhor: ou bem os homens vivem por sua morte, ou bem eles morrem por ela.
            Àqueles que pediam ouvir uma pregação vinda do alto, Nosso Senhor oferece uma pregação proveniente das profundezas, pois já haviam ouvido uma pregação do alto, mas não tinham crido. Também a pregação sobe das profundezas, como a de Jonas saído da barriga do peixe. Por sua ressurreição, Nosso Senhor saiu vivo do ventre da terra e enviou os apóstolos entre as nações. Sua pregação é a pregação da ressurreição que sobe das profundezas; por ela as nações se convertem e recebem a plenitude da vida.
            Tal é o sinal de Jonas: uma palavra proveniente das profundezas e portadora de vida.” (Comentário do Diatessaron, Sources Crétiennes.)
            Todas as épocas receberam seus sinais. Quase sempre, só os souberam traduzir depois do desastre e da desgraça. Hoje, se não tivéssemos profetas, bastariam os noticiários para nos convidar à penitência e à mudança de vida...
Orai sem cessar: “O próprio Senhor vos dará um sinal...” (Is 7,14)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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