quinta-feira, 1 de março de 2012

PALAVRA DE VIDA

Vós me respondestes... (Sl 138 [137])
            O salmo da Liturgia de hoje apresenta-nos uma mensagem que podemos classificar como “essencial”: Deus responde de fato às nossas orações. Nosso Deus não fica indiferente a nossos pedidos. E mais: não existe tarefa ou milagre grande demais para que o Senhor os realize. Se assim não fosse, estaríamos condenados a contar apenas com nossos “recursos humanos”.
            Quando a Liturgia escolhe este salmo para responder à Leitura de hoje, tem exatamente a intenção de reforçar nossa confiança no Senhor. Influenciado por um ministro que odiava os judeus, o Rei Assuero mandou publicar um edito autorizando a eliminação dos israelitas que habitavam na Pérsia. A Rainha Ester, também ela uma judia, arrisca a própria vida para interceder em favor de seu povo, salvando-o de terrível genocídio.
            Já o Evangelho de hoje (Mt 7,7-12) afirma, quase em tom imperativo: “Pedi e recebereis!” Um Deus que é Pai sabe dar o melhor a seus filhos. Evidentemente, Jesus nos anima a confiar sem limites e não hesitar em insistir junto a Deus com nossas preces. E mais: o Salmo 138 anota importante detalhe: ao percebermos que nossas orações são atendidas, cresce em nós a confiança para futuros pedidos. “Quando te invoquei, me respondeste, aumentaste em mim a força” (v. 3).
            Nos últimos tempos, com uma crescente invasão racionalista nos meios eclesiais, mormente nas academias, a oração caiu em uma espécie de limbo, enquanto se repetem refrãos um tanto arrogantes, segundo os quais a ação humana, o esforço do intelecto, o investimento em marketing e propaganda, o engajamento político e social seriam as forças mais eficazes para a transformação do mundo. Neste clima, a oração seria sintoma de imobilismo, de espiritualismo (transformado em defeito de caráter!) ou – para usar o velho jargão marxista – sintoma de alienação.
            Na contramão de tudo isto, o salmista está convencido de que os pequenos, desprovidos dos meios e recursos da sociedade materialista, podem confiar na intervenção divina tão temida pelos homens práticos: “Excelso é o Senhor e olha o humilde, mas conhece o soberbo de longe” (v. 6). A soberba [do latim superbia] aponta para a atitude daquele que se situa acima [super] do comum dos mortais. Aquele que “confia no seu taco”, aposta na própria técnica ou se apoia no poder de seu próprio grupo. Deste “tipo”, Deus se mantém distante. O humilde aposta apenas em Deus, e não se apoia nas confrarias e maçonarias deste mundo, “pois tua promessa supera toda fama” (v. 2).
            É para trabalhar, sim, e agir com coragem e suor. Mas é Deus quem vence nossos inimigos!
Orai sem cessar: “O Senhor completará para mim a sua obra.” (Sl 138,8)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário