sábado, 17 de março de 2012

PALAVRA DE VIDA

 Sou pecador... (Lc 18,9-14)
         
   Nesta parábola, dois homens se apresentam diante de Deus. O primeiro deles se julga justo e santo: sua pretensa “oração” consiste em ridículo autoelogio, a gabar-se de suas boas obras em longa relação de atos meritórios. O segundo – batendo no peito, os olhos baixos, no fundo do templo – vê-se como pecador e necessitado de misericórdia. Como bem sabem todos que leram este Evangelho, Jesus garante que a oração do pecador foi ouvida, e que o outro falou para as paredes...
            Acaso o leitor conhece alguém que não tem pecados? Eu conheço. Gente que, ao ouvir falar no sacramento da Reconciliação (popularmente conhecido como “confissão”), costuma replicar: “Mas, confessar o quê? Não matei nem roubei! Eu não tenho pecados...” Um tipo assim pode ser tão caradura, que venha a apresentar a Deus uma fatura, cobrando um lugarzinho no céu!
            Evidente, não basta “não matar” e “não roubar”. Corremos o risco de... não amar. E não amar é um grave pecado... É por não amar que quebramos nossos juramentos de fidelidades, abandonamos os filhos, ficamos indiferentes perante a dor do mundo... É por não amar que gastamos nosso tempo em pequeninos programas e diversões pessoais, acumulamos dinheiro com avareza e negamos a esmola, fazemos do prazer o alvo de nossa existência. É por não amar que nos tornamos agressivos e agressores. É por não amar que negamos o perdão e defendemos a pena de morte. É por não amar que nos alegramos com a infelicidade dos outros. Basta?
            Não. Não basta. Nossos pecados vão muito além. Só que – como dizia o Papa Pio XII, já em 1948, “o maior pecado deste século é a perda do sentido do pecado”. E, ignorando que somos pecadores, mascarados de inocentes, temos sempre a língua afiada para acusar as pequenas falhas dos outros. Se pudéssemos, teríamos igualmente uma lâmina afiada para cortar o pescoço dos pecadores. Claro, os “outros pecadores”...
            É, pois, a hora de meditar na lição desta incômoda parábola de Jesus Cristo: a pretensiosa oração dos honestos autossuficientes não passa da laje do templo. Ao contrário, a oração daquele que se reconhece como pecador mexe com as entranhas de misericórdia de nosso Deus. Como cantava Davi, o Rei pecador, “um coração contrito e humilhado, ó Senhor, tu não desprezarás!” (Sl 51,19)

            Alguns ainda não sabem, mas existe uma profunda alegria na experiência de sentir-se um pecador perdoado...

 Orai sem cessar: “Minha culpa, Senhor, eu a confesso!” (Sl 37 [36],19)

 Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário