
Outros
percebem a diferença entre o ouro e a divindade, mas julgam que podem
comprá-la, alugá-la com dinheiro. Ou, pior ainda, tentam usar a amizade com
Deus para acumular sempre mais dinheiro. E ainda pregam uma conhecida “teologia
da prosperidade”, segundo a qual a dedicação a Deus é recompensada com
dinheiro, sucesso e poder.
Há também aqueles que dão esmolas
para projetar uma imagem de bonzinho, de benemérito e filantropo. Assinam
livros-de-ouro e fazem questão de que seu nome apareça como doador nos vitrais
do templo ou nos bancos da igreja. É deles que Jesus fala: “Já receberam a sua
recompensa...”
Mas há aquela pobre viúva que Jesus
notou no Templo de Jerusalém. Tão diferente dos ricos que deixavam cair – bem
do alto, para fazer barulho! – mancheias de moedas tilintantes, atraindo os
olhares e a admiração de todos. A viúva não tinha quase nada, apenas duas
moedinhas de ínfimo valor, que somavam um quadrante (a quarta parte de um asse,
a menor das moedinhas daquele tempo!). Pois foi apenas isto – tudo o que
possuía – que a viúva lançou no cofre do Templo. Parecia um gesto perdido, mas
foi notado por Jesus.
Deus não é muito bom em Matemática.
Não faz muita conta de nossas doações. Seu olhar passa além das aparências e
vai mais fundo, percebendo as intenções profundas de nosso coração. Ali, ele
sabe se o amor superou o ódio, a generosidade venceu a ganância, a compaixão
barrou o egoísmo...
Claro, podemos ver a situação por
outro ângulo: diante do brilho e da grandeza dos dons de outros irmãos, pode
assaltar-nos uma tentação de inutilidade ou desânimo. Nada temos de tão
importante assim. Pouco podemos fazer pelo Reino de Deus. Somos inúteis.
Pois não é assim. Deus aceita de cada
um o pouco que pode dar, os pequenos gestos de amor de cada dia, a mínima
contribuição que está ao nosso alcance. Ninguém é tão desprovido de dons que
não possa pôr o seu tijolinho no edifício do Reino. É a soma de todos nós que
faz a cidade de Deus...
Orai
sem cessar: “Aceita, Senhor, a oferenda das
minhas preces!” (Sl 119,108)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança
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