
A tradição da Igreja viu nas duas substâncias os sinais sacramentais da Eucaristia e do Batismo, vistos como um dom pascal que Jesus Cristo confiava à Igreja.
Não é por acaso que a Liturgia escolhe este Evangelho para a festa do Sagrado Coração de Jesus. Ao celebrar o coração do Crucificado, recordamos ao mundo o mistério da Encarnação do Verbo, que assumiu plenamente nossa natureza: um corpo com músculos, ossos e órgãos, mas também a sensibilidade, os sentimentos, as angústias próprias dos humanos.
A devoção ao Sagrado Coração serve de vacina contra um tipo de cristianismo aéreo, abstrato, angelical, predisposto a ignorar o realismo da natureza humana, tão incômoda aos gnósticos quanto s chagas do Ressuscitado...
Em sua Encíclica “Haurietis Aquas” [15/05/1956], sob o culto do Sagrado Coração de Jesus, o Papa Pio XII escreveu:
“Nada proíbe que adoremos o coração sacratíssimo de Jesus Cristo, enquanto é participante, símbolo natural e sumamente expressivo daquele amor inexaurível em que ainda hoje o divino Redentor arde para com os homens. Mesmo quando já não está submetido às perturbações desta vida mortal, ainda então ele vive, palpita, e está unido de modo indissolúvel com a Pessoa do Verbo divino, e, nela e por ela, com a sua divina vontade.”
Para Pio XII, o coração do Salvador “reflete a imagem da divina pessoa do Verbo divino”. Não apenas um símbolo, mas “como que um compêndio de todo o mistério da nossa redenção”.
Não é preciso ser teólogo para compreender este profundo mistério. O povo simples se alegra e se comove diante desta evidência: nosso Deus se fez humano como nós. Nosso Deus tem um coração. Seu amor por nós não é algo abstrato, mas é um amor encarnado, uma torrente que corre de seu lado aberto.
Orai sem cessar: “Naquele dia jorrará uma fonte para a casa de Deus.” (Zc 13,1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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