sábado, 16 de junho de 2012

PALAVRA DE VIDA

Meu Pai... (Lc 2,41-51)
            Afinal, quantos pais tem esse Menino? Recuperado após três dias de sumiço no burburinho da Jerusalém povoada por 150 mil peregrinos (ou até mais, dizem certos exegetas!) que vieram para a Páscoa judaica, ele ouve a queixa materna: “Teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura!” E responde: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo cuidar da casa de meu Pai?”

            Dois pais, hein? Um pai “de baixo”: pai humano, pai legal, nutrício, putativo, o bom José. E um Pai “de cima”: Deus. Os estudiosos da Bíblia anotam que esta é, nos Evangelhos, a primeira manifestação de que Jesus tinha consciência de ser o Filho de Deus. Não admira que Maria e José ficassem sem alcançar a extensão do significado de sua resposta (Lc 2, 50).
            Mas há outro ponto importante: a resposta do Jesus adolescente, que parece ter passado naquela época pela cerimônia da maioridade – o bar Mitzvah dos judeus -, deixa claro que a relação com os pais “de baixo” fica subordinada à relação com o Pai “de cima”. De fato, o 4º mandamento vem um pouco depois do 1º mandamento. E mais: se não amamos a Deus sobre todas as coisas, como saberemos honrar o pai e a mãe que o próprio Deus nos emprestou?
            Ah! Senhores pais! Será que Vossas Excelências estão, imprudentemente, tentando educar seus filhos nos valores humanos sem levar em conta os valores do espírito? Será que estão investindo na saúde do corpo e na capacitação intelectual, mas deixam de lado o trabalho de erguer os olhos de seus filhos para o Pai do céu? E ainda esperam que esses pequenos ateus, mais tarde, sejam bondosos e polidos, capazes de cooperação e partilha, solidariedade e sacrifício pessoal?
            Não se iludam! Basta olhar em volta e ver as tribos de novos bárbaros que picham as paredes, cospem no chão, invadem a faixa de pedestres, assaltam e traficam. Eles cresceram sem Deus. São órfãos espirituais. O mais alto que seus olhos atingem é a cerca elétrica no muro do vizinho...
            Mas devemos voltar ao texto. “Jesus desceu com eles a Nazaré e era-lhes submisso.” Os filhos de Deus não se rebelam. Enxergam no papai e na mamãe os representantes do Pai do céu. Aliás, a imagem paterna é o primeiro “link” que recebemos para entrar em comunicação com o Pai “de cima”. Se este “link” falhar, teremos problemas. Ah! Se teremos!...
Orai sem cessar: “Que alegria quando me disseram: Vamos à casa do Senhor!” (Sl 122, 1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário