
Daí, o símbolo da sementinha de mostarda. Na época, no meio palestino, era esta a menor semente visível a olho nu. No entanto, naquela região do Mediterrâneo, a pequena semente brotava, crescia e se tornava um arbusto (cerca de 2,5m a 3m de altura, segundo Joachim Jeremias) capaz de abrigar os ninhos das aves. Muitos exegetas interpretam essas “aves do céu” como a imagem dos outros povos e nações que, mais tarde, por força da evangelização, viriam também a conhecer o Deus verdadeiro e acolher o Evangelho.
Outra imagem do Evangelho fala da pequena porção de fermento que é capaz de levedar toda a massa do pão, agindo durante a noite, de forma invisível. Externamente, tudo parece parado, mas o fermento trabalha no silêncio da noite.
De fato, menos de 100 anos após a morte de Jesus, graças ao trabalho das primeiras equipes missionárias, a Boa Nova já atingira praticamente todo o mundo civilizado em torno do Mare Nostrum, o Mediterrâneo. Aproveitando-se da rede de sinagogas, os primeiros cristãos de origem judaica disseminaram a “sementinha” de modo inaudito.
Os historiadores observam que o mundo pagão de cultura greco-romana, por mais decaída que fosse sua vida moral, rapidamente percebeu a superioridade da ética evangélica, sentindo-se diante de algo mais elevado que atraía sua admiração. Ao mesmo tempo, o testemunho dos mártires, caminhando alegremente ao encontro das feras e dos carrascos, deixou uma profunda impressão em todo o Império.
Para J. Jeremias, que comenta a parábola do grão de mostarda, o homem oriental não leva em conta o “processo”, mas apenas se fixa nas duas pontas: em um extremo, a mínima semente, do tamanho de uma cabeça de alfinete; no outro, o arbusto já crescido, a plantação ondulante. Prestaram atenção? É assim que Deus age! Seremos capazes de apostar em Deus, mesmo quando as aparências não são animadoras?
Orai sem cessar: “O Senhor é a minha força!” (Ex 15, 2)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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