sexta-feira, 29 de junho de 2012

PALAVRA DE VIDA

Sê limpo! (Mt 8,1-4)
            Neste Evangelho, Jesus cura um homem de sua lepra. Na Palestina do tempo de Jesus – bem como em muitos lugares, ainda no Séc. XXI – a hanseníase era uma doença que excluía o enfermo da convivência comunitária. Devia ele vestir um manto apropriado e manter-se fora da cidade, à margem dos caminhos. Se alguém se aproximava, o leproso fazia algum tipo de ruído com um pedaço de metal, ao mesmo tempo que gritava: “Impuro! Impuro!”
            A situação era ainda agravada pelo fato de se associar a enfermidade a algum pecado cometido. Em uma passagem do Evangelho, os discípulos perguntam a respeito de um cego de nascença: “Senhor, quem foi que pecou para ele ter nascido cego? Ele ou seus pais?” E de imediato o Mestre nega essa possível causa, antes de devolver-lhe a visão e, com isso, contribuir para a glória de Deus (cf. Jo 9,1-3).
            É curioso notar a relação entre cura e limpeza, salvação e purificação. Sob este ângulo, a doença seria uma “sujeira”, algo que emporcalha o homem, velando a imagem divina nele gravada. Claro, a imagem deformada do corpo físico de um homem serve muito bem de figura da outra degeneração – muito mais grave e profunda! – que o pecado produz na alma e no coração da pessoa. A ação do Deus que santifica sua criatura bem pode ser vista como uma assepsia, uma “limpeza” das manchas do pecado.
            Mas a situação é bem outra depois de Jesus Cristo. Em clima de Nova Aliança, ao contrário de excluir e afastar os enfermos do convívio e da comunhão, a enfermidade nos interpela a aproximar-nos da pessoa ferida e, à imagem do Bom Samaritano (o próprio Jesus Cristo), usar de todos meios para demonstrar nossa misericórdia e recuperar o irmão ferido. Foi assim que muitos agentes de saúde cristãos (católicos ou não) deram sua vida ao tratar das vítimas do vírus Ebola, na África.
            Deus não quer a doença. Ele quer a cura. Mas é preciso que o enfermo se aproxime de Jesus, como fez o leproso do Evangelho. Superando o preconceito que devia mantê-lo como marginal, ele aposta no poder de Jesus: “Se queres, podes curar-me!” Corpos feridos, corações partidos, mentes confusas, almas nas trevas – nada está fora do alcance desse Amor sem fronteiras.
            Quando iremos nos aproximar?
Orai sem cessar: “Senhor, purifica-me do meu pecado!” (Sl 51, 4)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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