Eu não sou digno...
(Mt 8,5-17)

Ao
ver que Jesus faz menção de ir à sua casa, o romano se espanta: não precisa
tanto, basta uma palavra! Afinal, um judeu que entrasse no ambiente “impuro” do
estrangeiro, ficaria também ele ritualmente impuro. E o centurião tem um
argumento invencível para que Jesus de Nazaré não visite seu lar, a casa de um
estrangeiro, invasor e “pagão”: “Senhor, eu não sou digno!”
Como
não pensar naquele publicano da parábola (cf. Lc 18,9ss), que sequer se
aproximava do altar e, lá do fundo do Templo, olhos no chão, batia no peito e
se rebaixava diante do Senhor: “Tem piedade de mim, que sou pecador”?
Não
é sem motivo que nossas Eucaristias começam por um ato penitencial. É, talvez,
uma tentativa desesperada da Igreja para nos recordar nossa condição de
pecadores. Espera-se que, batendo no peito, examinando a própria consciência,
nós desistamos da impropriedade de cobrar alguma coisa de Deus, ou de
apresentar-lhe nossos méritos (aliás inexistentes) ou, mesmo, reclamar
asperamente do Senhor pela má qualidade dos serviços que Ele nos presta...
Como
nos faz falta esse sentimento de indignidade! O mesmo sentimento do pródigo que
volta para casa com um discurso ensaiado: “Já não sou digno de ser chamado teu
filho... Podes tratar-me como um dos empregados...” (Lc 15,19.) Para ouvir,
surpreso, a resposta do Pai: “Não tem jeito, meu filho! Enquanto eu for Pai, tu
serás meu filho!”
É
assim que se descobre a verdade fundamental em nossa relação com Deus: não
somos amados porque somos bons; somos amados porque somos filhos... Não é por
mérito nosso. É pelo amor do Pai...
Como
costumo apresentar-me a Deus? Desfio o rosário de minhas boas ações e cobro
retribuição? Ou confesso meus pecados e recebo o seu perdão?
Orai
sem cessar: “Junto ao Senhor se acha a misericórdia!” (Sl
130,7)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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