...a mais pequenina das sementes... (Mt 13,31-35)
Pequenina, sim, mas vai crescer. O exegeta alemão Joachim Jeremias lembra que o homem oriental vê as coisas de um modo diferente do nosso. Não considera o aspecto de transformação, de evolução progressiva, como nós. Ao contrário, olha uma ponta (a minúscula semente) e a outra ponta (a árvore já crescida). E contempla o mistério ali embutido.
E como Deus gosta de trabalhar com as coisas pequenas! Gosta de agir por meio de gente pequena. E a graça de Deus manifesta um dinamismo invencível: com pouco, faz muito! Os servos de Deus, mergulhados na missão que lhes foi dada, sempre se admiram com a desproporção entre seus limitados recursos humanos e as maravilhas impensáveis que o Senhor realiza por meio deles. Até mesmo a humilde Virgem de Nazaré chegou a exclamar: “O Senhor fez em mim maravilhas!” (Lc 1,49.)
Foi com um sentimento da mesma natureza que compus o soneto “Folha ao Vento”:
Pequena é minha vida. A força é pouca
Para lutar tão áspero combate:
Na oposição, o ânimo me abate;
Para louvar, a minha voz é rouca...
Quando falas, minha alma se faz mouca
E não abre ao Amor que, humilde, bate...
E assim, de disparate em disparate,
Prossegue o seu caminho como louca!
Pequeno sou, meu Deus! Pequeno sou
E, como folha seca, ao vento eu vou
Voando e revoando pela estrada...
Mas não faz mal que tão perdido eu ande:
Se sou pequeno, o teu Amor é grande
Para, um dia, ser tudo no meu nada...
Orai sem cessar: “O menor se tornará um milhar!” (Is 60,22)
Texto e soneto de Antônio Carlos Santini, da Com. Católica Nova Aliança.
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