Este Evangelho é um dos raros casos em que o próprio Jesus explica o sentido de uma de suas parábolas. Ainda que o Rabi da Galileia se valesse de situações bem concretas (semeadura e colheita, fabricação do pão, separação do gado miúdo...) e usasse sinais simples e imediatos (lírio do campo, aves do céu, redes de pesca...), muitas vezes o sentido profundo das parábolas permanecia hermético aos ouvintes. Claro, o problema era a cegueira espiritual, ainda hoje não muito rara entre nós... Por isso, em separado, ele faz a “tradução” para os discípulos.
Ao explicar a “Parábola do joio e do trigo”, Jesus se apresenta como o semeador da Boa Palavra. Nada mais exato! Afinal, Jesus é o Verbo feito carne. Verbo significa Palavra. É a tradução latina do “Logos” dos gregos, que o evangelista João usa para nomear a Segunda Pessoa da Trindade, o Filho de Deus, que já “no princípio” (Jo 1,1) estava em Deus e era Deus.
Jesus Cristo é a Palavra que o Pai nos envia. Quem acolhe a Palavra inicia uma vida fecunda que dará frutos de salvação para si mesmo e para aqueles que participam de sua vida.
Foi pensando no potencial de vida oculto na Palavra de Deus que compus o soneto “O Semeador”:
Quando Jesus estende a mão e cura,
Quando Jesus murmura e já perdoa,
Por certo ele não age, assim, à toa,
Mas quer mostrar que Deus é só ternura...
Ele veio adoçar nossa amargura
Com uma Palavra simples e tão boa,
Que tão logo sua Voz nos ares soa,
Desfaz-se todo o mal que nos tortura!
Como um semeador que os campos lavra,
Semeia em nós, Senhor, tua Palavra,
Trigo que esconde a Vida em cada grão!
E se não formos terra só de espinho,
Ou rocha dura à beira do caminho,
Esta fome do mundo há de ter Pão...
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